Comunità Italiana

Todo cuidado é pouco

{mosimage}Delegacias de turismo oferecem a estrangeiros dicas de comportamentos adequados para evitar roubos e outros crimes

Delegacia especializada, atendimento personalizado em casos de emergência e panfletos distribuídos pela Polícia Civil com dicas de prevenção são estratégias das autoridades em segurança pública para evitar a violência contra estrangeiros em grandes cidades brasileiras. De acordo com a Divisão Especial de Atendimento ao Turista de São Paulo (Deatur), as estatísticas demonstram que a maior incidência de crimes com estrangeiros tem relação com o furto (60%), que é a subtração de bens materiais sem violência, seguida do crime de estelionato (30%). Em menor número, aparece o roubo que utiliza violência física e ameaça (10%).

A exemplo do que aconteceu com o bancário italiano Tomasso Lotto, assassinado em um roubo na Avenida Nove de Julho, em São Paulo, muitos estrangeiros reagem aos assaltos ou não sabem como proceder nessas situações-limite e acabam sendo mortos, afirma o delegado divisionário de polícia Deatur/Decade (Departamento de Capturas e Delegacias Especializadas), Osvaldo Nico Gonçalves.
— Toda vez que qualquer pessoa, não só o turista, estiver sendo vítima de um crime, não deve em hipótese alguma reagir. Deve tentar manter-se calmo e fazer movimentos lentos, pois qualquer atitude mais brusca pode ser entendida pelo criminoso como uma reação. Sempre orientamos as vítimas no sentido de lembrar que o criminoso está nervoso, tenso, e muitas vezes sob o efeito de drogas. E mais, que a vítima é sempre vista como uma ameaça — alerta o delegado Nico.

Segundo a Deatur, o turista deve ter cuidado com bens durante deslocamentos e não deve ostentar principalmente em locais como aeroportos, hotéis, bares e áreas públicas. De acordo com a instituição, relógios, notebooks e celulares são os objetos mais visados pelos ladrões. O delegado lembra ainda que, caso sejam vítimas de violência, os estrangeiros devem acionar uma delegacia de turismo, que tem atendentes bilíngues para fazer um boletim de ocorrência.
— Quando a pessoa está em viagem, fica mais distraída e suscetível a furtos. Atitudes que ela tomaria no seu dia a dia não são adotadas, como ficar atenta às suas bagagens, às máquinas fotográficas e aos demais bens. O turista deve aproveitar suas férias, mas não se desligar tanto em seus passeios e até mesmo no hotel, onde deve preferir usar o cofre do estabelecimento, não devendo realizar os passeios com todos os documentos, dinheiro e cartões de crédito. É importante salientar que normalmente o criminoso não age sozinho e tem outros comparsas para dar “cobertura” – ressaltou o delegado Gonçalves.

Andar com dinheiro em espécie é outro ato que deve ser evitado, segundo a Deatur. O turista deve utilizar preferencialmente os cartões pré-pagos ou os cartões recarregáveis, como o Mastercard Cashpassport ou o Visa Travel Money. Ambos são utilizados como cartões internacionais, aceitos para compras em 30 milhões de estabelecimentos e utilizados também para saque em moeda local em mais de um milhão de caixas automáticos no exterior. O cartão tem a vantagem de ser recarregável de qualquer lugar e a qualquer hora em dólar, euro e libra. Caso os cartões sejam furtados, a vítima deve ligar imediatamente para a administradora pedindo o cancelamento dos mesmos.

A Deatur aconselha também que o estrangeiro não transporte consigo documentos originais, e sim cópias em papel. Além disso, devem armazenar na caixa de e-mail esses documentos, pois, caso a pessoa seja assaltada, basta imprimi-los. Espalhar cópias desses documentos, assim como dinheiro e cartões por todo o corpo, é outra forma eficaz de evitar perder tudo de uma só vez. Em caso de furto do passaporte, o estrangeiro deve procurar o serviço consular de seu país para obter outro.

Para combater efetivamente os crimes em São Paulo, a Deatur utiliza técnicas de inteligência policial na prevenção e apuração dos casos, como mapeamento criminal, troca de informações sobre vítimas e criminosos, e a maneira de agir deles, analisa filmagens e os locais onde são frequentes os crimes. Tanto a Deatur de São Paulo quanto a Delegacia Especial de Atendimento ao Turismo do Rio de Janeiro (Deat) trabalham em parceria com embaixadas e consulados e com a rede hoteleira, e realizam palestras em hotéis para profissionais do setor.

Além do atendimento aos turistas nas delegacias, a Deatur, por exemplo, atende às companhias aéreas, faz a ronda hoteleira e está presente nos grandes eventos da cidade, como Fórmula Indy, Stock Car, Cirque Du Soleil e inúmeros shows. A divisão possui seis delegacias no estado de São Paulo: nos aeroportos de Congonhas e Guarulhos, no Porto de Santos, no Anhembi Parque, em Interlagos, e na Rua da Consolação, próximo à Avenida Paulista, no coração da cidade.

Pesquisa atesta que os estrangeiros têm curiosidade sobre as favelas
No Rio de Janeiro, de acordo com dados do Instituto de Segurança Pública (ISP), que contabiliza os crimes no estado, o número de furtos diários chega a 309, com um total de 37.193 pessoas furtadas no primeiro semestre deste ano. Segundo a pesquisa, a Linha  Vermelha e a Linha Amarela, além da Avenida Brasil, principais acessos ao centro e à zona sul da cidade, são apontadas como locais violentos à noite. Também é desaconselhado seguir para o aeroporto internacional após as 19 horas. Pontos turísticos como Corcovado e Pão de Açúcar também são alvos de criminosos, bem como locais de boemia como a Lapa.

De qualquer forma, o delegado titular da Deat, Fernando César Reis afirma que houve uma diminuição substancial dos crimes no estado. Para ele, a instituição ficou mais ágil depois de 2004, com a inclusão no Programa Delegacia Legal, e passou a se comunicar com outras esferas policiais. Além disso, atualmente a Deat controla de forma mais eficaz os crimes contra estrangeiros com a ajuda das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), implantadas em diversas comunidades da cidade.
— A Deat, hoje em dia, conta com importante infraestrutura na orientação do setor turístico, se comunicando pela internet com todos os órgãos de segurança. É um importante avanço em termos de tecnologia da informação — acrescenta o delegado Reis.

A violência é o principal problema que os turistas veem no Rio de Janeiro, mas a preocupação é mais recorrente entre brasileiros do que entre estrangeiros, segundo pesquisa sobre como o Rio pode explorar os grandes eventos da Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016, realizado pela Middlesex University. A pesquisadora Ana Cecília Duék constatou que, entre os turistas nacionais, 85% citaram a violência como o principal problema da cidade, contra 61% dos estrangeiros consultados. Essa visão dos estrangeiros se estende para outras regiões do Brasil, embora cada vez mais cresça o índice de violência com visitantes. A última vítima italiana, em outubro, foi o diplomata Marcus Chimullo que sofreu um seqüestro-relâmpago na quadra 408 Sul, em Brasília. Ele foi abordado por dois assaltantes armados, que o liberaram meia hora depois do assalto, levando seu automóvel com placa da embaixada italiana. Chimullo durante a ação, escondeu dos bandidos que pertencia à uma comissão internacional para não sofrer retaliação.

O presidente da Federação Brasileira de Hospedagem e Alimentação, Alexandre Sampaio, observa que o turismo está crescendo muito em algumas comunidades pacificadas e pode exercer um importante papel na consolidação de uma imagem mais positiva das favelas fluminenses, apesar de acontecerem crimes pontuais com estrangeiros. Para ele, os brasileiros tendem a ter uma visão negativa das favelas por associá-las a problemas do país e geralmente não buscam conhecê-las. Já o estrangeiro tem curiosidade por desvendar uma realidade diferente.
— Para o brasileiro, a favela personifica as desigualdades sociais do Brasil. Por outro lado, o estrangeiro quer conhecer a periferia e sai de lá encantado, porque vê que as pessoas são alegres e que o convívio pode ser pacífico — analisa Sampaio.

A década de 1990 marcou a pior fase das favelas, quando notícias sobre tiroteios na cidade eram frequentes, o que levou ao cancelamento de congressos internacionais. Hoje, a criminalidade no Rio ganhou uma roupagem mais amena, devido, principalmente, aos grandes eventos esportivos que estão por vir, o que repercute no movimento de turistas em hotéis e restaurantes.   

Serviço

Deatur – Delegacia Especializada em Atendimento ao Turista
Rua da Consolação, 247 – loja 08
Centro – São Paulo – (11) 3257-4475

Deat – Delegacia Especial de Apoio ao Turismo
Av. Afrânio de Melo Franco, 159
Leblon – Rio de Janeiro – (21) 2332-2924