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Todos os amanhãs do Brasil

18 de junho de 2015 - Por Comunità Italiana
Todos os amanhãs do Brasil

Todos os amanhãs do BrasilProtestos de junho de 2013 inspiram pavilhão brasileiro na Bienal de Artes de Veneza

O Brasil convocou três artistas de outras tantas gerações diferentes para participação na Bienal de Veneza. O paulista André Komatsu, com o trabalho O Estado das Coisas; o português radicado no Brasil desde criança Antonio Manuel, com Ocupações e Descobertas; e a paraense Berna Reale, com o vídeo Americano. A mostra brasileira atende pelo singelo título “É tanto que nem cabe aqui”, uma provocação abstrata e concreta junto aos três mil metros quadrados de mostras nos Jardins, onde está o pavilhão do Brasil — uma espécie de território nacional em solo estrangeiro — e dos oito mil do Arsenal, com parte das obras selecionadas pela curadoria da Bienal de Veneza. Eles foram escolhidos por Luiz Camillo Osorio e Cauê Alves, a dupla responsável pelo programa das obras dentro do espaço. O nome foi inspirado em um dos cartazes das manifestações de protesto que tomaram as ruas das principais capitais nacionais, em junho de 2013.
E o conteúdo tem a ver, exatamente, com as reclamações da população contra o aumento dos custos de vida, a corrupção, o desperdício de recursos em obras de infraestrutura e assim por diante. Esses conflitos sociais foram traduzidos em obras de arte. Instalações e vídeo trazem para a ribalta os problemas e as vítimas que vivem à margem da sociedade, as discrepâncias e as diferenças econômicas que levaram milhares de pessoas às ruas. Concreto armado e tijolos aparentes, pares de tênis, porta de madeira e parafusos são alguns dos elementos que compõem as obras, “pobres” em material, mas relevantes e profundas na concepção e na apresentação.
 
Berna Reale chama atenção para a Amazônia e Antonio Manuel relembra a ditadura dos anos 60 e 70
O uso do corpo como elemento principal de protesto e da matéria-prima crua e nua, como o cimento e o tijolo, sem o acabamento, se transforma em “cartazes”, animados ou inertes, mas sempre artísticos e emblemáticos, do país. Berna Reale desperta corações e mentes contra a violência sob o manto verde da floresta amazônica, onde vive. Antonio Manuel, escaldado pelas lutas contra a ditadura e a censura nos anos 1960 e 1970, atrai as atenções para a obra de arte construída através da ação política. Já André Komatsu se concentra nos processos de mudanças provocados pelas transformações arquitetônicas e urbanas, consequências diretas e indiretas do progresso e do regresso da coletividade. Ainda que eles não tenham sido escolhidos diretamente pela curadoria da Bienal de Veneza, jamais poderiam desembarcar aqui se suas obras não flertassem com o argumento central da edição de número 56: All the world’s futures, um mergulho no passado para melhor compreender os prováveis amanhãs da humanidade. Com direito até à leitura diária em chave artística de O Capital, de Karl Marx, apenas para citar um dos eventos desta mostra inspirada no quadro do suíço Paul Klee, Angelus Novus.
Em geral, sendo os artistas dotados de sexto e sétimos sentidos, além de antenas metafísicas, as respostas à proposta do intenso programa cabem às suas interpretações em presente de fatos e cenas vistas e vividas tempos atrás. O curador-mor, o nigeriano Okwui Enwezor, não fez por menos ao convocar 136 mentes brilhantes (a única brasileira é a mineira Sônia Gomes), de 89 países, cada um com o seu pavilhão nacional e espalhado pelos Jardins, entre eles o Pavilhão das Nações, uma “torre de Babel” artística —  e outras sedes, como a ilha de Lazzaro, para o da Armênia, vencedor do melhor pavilhão. Mais da metade deste grande coletivo de escultores, pintores e instaladores estreia nesta Bienal, que completa 120 anos e é a mais antiga do mundo. Em todos os campos da arte, um exército de visionários empresta um olhar de memórias voltado para a alvorada de novos mundos aqui na Terra.
Alguns artistas já são considerados veteranos desta exposição, principalmente os suíços Thomas Hirschhorn e Hans Ulrich-Obrist, um dos maiores intelectuais do ramo. Pois bem, ambos inovaram como se espera de quem está sempre olhando o mundo com um olhar agudo, ousado e inovador. O primeiro, Thomas Hischhorn, ocupa uma das salas do Pavilhão das Nações, nos Jardins, a poucos metros do pavilhão suíço, que o abrigou na edição de 2009, com sucesso. Para este ano, ele elaborou uma escultura que alcança o teto chamada  Roof Off — uma pilha de tralhas, papéis e papelões, espumas e fitas adesivas. Uma visão mais atenta revela algumas escrituras de textos filosóficos da Grécia antiga.
 
Manifesto contra o esquecimento da era digital no pavilhão italiano
O crítico de arte e curador de importantes mostras, o suíço Hans-Ulrich Obrist “invade” o pavilhão da Itália com o Manifesto contra o Esquecimento. A partir de uma conversa informal com o escritor Umberto Eco sobre o desaparecimento da escritura à mão, o suíço convocou 30 personalidades do mundo da cultura para uma redação coletiva sobre a memória, naturalmente, com lápis e papel. Tudo em homenagem ao histórico britânico marxista Eric Hobsbaws.
 
Artistas brasileiros participam de outros pavilhões e eventos paralelos, como Vik Muniz e Tamar Guimarães
O Brasil também “empresta” artistas para outras realidades internacionais dentro do contexto da Bienal de Veneza. A mineira Tamar Guimarães foi chamada para integrar o pavilhão da Bélgica, na mostra “As pessoas e os outros”. O pavilhão da Armênia conta com a presença da artista Rosana Palazyan, que participa, com o trabalho Por que Daninhas?, da  exposição “Armenity”, sobre a identidade estilhaçada dos imigrantes que fugiram do extermínio dos turcos do Império Otomano. A curadora Adelina Von Fustemberg disse: “trouxemos 18 artistas de diferentes gerações, uma montagem transnacional sob o símbolo da identidade fragmentada”.
Em eventos colaterais àqueles principais, há outros brasileiros. O artista Vik Muniz criou um barquinho de papel gigante realizado em fibra de vidro, com 15 metros de comprimento, no qual reproduz as folhas de um jornal sobre as tragédias de Lampedusa, no mar Mediterrâneo. Assim, ele oferece uma reflexão contra a falta de assistência aos imigrantes clandestinos que tentam chegar à Europa, arriscando as próprias vidas. Já Cícero Alves dos Santos, o Véio, sergipano de Nossa Senhora da Glória, a pedido da empresa Mirna, trouxe suas criações: cem esculturas de madeira para a Abazzia di San Gregorio, no coração de Veneza. Assim, o mar Adriático recebe o sertão brasileiro.
Mais uma prova de que a arte não conhece fronteiras e possui uma linguagem universal é a obra do artista suíço Christoph Büchel, junto ao pavilhão da Islândia. Ele é conhecido  por suas criações ambientalistas e hiper-realistas. Dentro de uma igreja desconsagrada, Santa Maria da Misericórdia, o suíço ergue a obra A Mesquita. Símbolos de uma religião convivem pacificamente dentro da casa da outra. Provocatório, o artista leva a arte para um sincretismo religioso à europeia, com um quê espiritual de candomblé-católico, muito conhecido nas paragens brasileiras.  

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.