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Três séculos de Chianti

30 de novembro de 2016 - Por Comunità Italiana
Três séculos de Chianti

Três séculos de ChiantiEste ano, o famoso Chianti Classico comemora 300 anos. Conheça a história desse vinho toscano, cujo prestígio sobreviveu a guerras, conspirações entre reinados e tentativas de falsificação em diversos períodos

Em 24 de setembro de 1716, o grão-duque Cosimo III de Medici decidiu delimitar, pela primeira vez na história, alguns territórios particularmente adequados para a produção de vinho de alta qualidade. Quanto mais velho o vinho, melhor ele fica. Degustar o Chianti Clássico é como mergulhar na Toscana do século XVIII.
Grão Duque Cosimo III de Médici marcou a história como um dos piores reinados da Toscana. O seu reinado foi o mais longo da dinastia Médici e durou 53 anos (1670 a 1723), durante o qual aprovou leis ultrarreacionárias e persecutórias contra aqueles que não se conformavam com a moral católica rigorosa. Caracterizou-se também por um forte declínio político e econômico toscano para níveis nunca antes registrados. Em compensação, ele deixou um excelente rastro que até hoje é celebrado: o vinho Chianti Clássico. Em 1716, Cosimo III decidiu delimitar, pela primeira vez na história, alguns territórios particularmente adequados para a produção de alta qualidade. A delimitação incluía quatro áreas de produção de Chianti (hoje Chianti Clássico) de Pomino, de Valdarno di Sopra e de Carmignano.
Ao festejar os 300 anos, o Chianti Clássico, também chamado de Gallo Nero, confirma a tendência de crescimento dos últimos cinco anos, registrando um aumento de 35% nas vendas globais. Este resultado foi alcançado graças a um processo de renovação profunda que começou no ano mais duro da crise econômica. A finalidade foi reposicionar o Chianti Clássico nos mercados globais e manter a liderança da denominação. Um percurso feito de decisões corajosas que não demoraram a dar frutos, como a introdução do Grande Seleção.
— Estamos muito satisfeitos com o andamento do mercado, um resultado que recompensa o longo trabalho de relançamento da denominação nos últimos anos que culminou com a introdução Grande Seleção, o novo tipo de Chianti Clássico há dois anos no mercado. A Grande Seleção nasceu da necessidade de valorizar os picos qualitativos do Chianti Clássico e hoje representa cerca de 4% das vendas dos vinhos Gallo Nero. Um grande vinho que valorizou ainda mais a nossa denominação, e que já desfruta do sucesso da crítica e que rapidamente se posicionou na esfera das excelências enológicas mundiais — disse Sergio Zingarelli, presidente do Consórcio.
Cresce também a apreciação do público: foram mais de 100 mercados em todo o mundo no último ano. Das Antilhas Holandesas e Belize a Uganda e Zimbabwe. Quanto aos seus mercados tradicionais, os Estados Unidos confirmaram o primeiro lugar, representando 31% das vendas totais, seguidos pela Itália (20%), Alemanha (12%), Canadá (10%) e Reino Unido (5%). Há mais de 90 anos da sua criação, o Consórcio Vinho Chianti Clássico, o primeiro consórcio de produtores de vinho nascido na Itália, tem hoje 580 membros. E números de “grande empreendimento”: com vendas globais estimadas em mais de 700 milhões de euros e um valor de produção de vinho engarrafado de cerca de 400 milhões de euros, o Chianti Clássico representa um verdadeiro “distrito industrial”.

Chianti Clássico e Champagne: acordos de colaboração
Cosimo III se casou por procuração com Marguerite-Louise d’Orléans, prima do rei Luís XIV. Foi um matrimônio cheio de adversidades. Apesar dos três filhos nascidos da união, ela não aguentou e decidiu abandonar a Toscana, recolhendo-se no convento de Saint Pierre de Montmartre, em Paris. Os tempos certamente mudaram e hoje o Chianti Clássico celebra um “casamento” com o Champagne.
Após 62 anos desde a assinatura do acordo de geminação entre Florença e Reims na França, a ligação entre as duas cidades é reforçada, e é consolidada com a promessa de união entre os dois vinhos de referência, produzidos nas respectivas regiões. O Consórcio da Toscana espera também o reconhecimento da Unesco, que a área do Champagne já obteve e que o Chianti Clássico espera receber.
Durante a festa de comemoração dos 300 anos do Chianti Clássico, o primeiro-ministro Matteo Renzi confirmou que a meta para a exportação de vinho italiano, em 2020, é passar de 5,5 para 7,5 bilhões de euros.
— A qualidade do nosso vinho é, pelo menos igual, mas eu digo melhor do que a dos nossos primos franceses. Comparado a eles, não temos sido capazes de formar uma equipe nos últimos 20-30 anos. Nós não fizemos o que eles fizeram com grande visão e estratégia, e agora temos de fazer mais e melhor — acrescenta.

Cosimo III, opressor e ao mesmo tempo precursor
O século XVIII foi marcado pelo iluminismo, movimento cultural da elite intelectual europeia que enfatizava o poder da razão para reformar a sociedade. Entre as principais tendências, buscava-se um conhecimento apurado da natureza, com o objetivo de torná-la útil ao homem. Na arte também predominava a representação de temas naturais.
“A razão dominará o que há de belo, genuíno e espontâneo nas coisas da natureza”, escreveu o poeta alemão Goethe, que nasceu em 1749, 26 anos depois da morte do grão-duque italiano.
O documento de Cosimo III é o primeiro exemplo de demarcação de área de produção de vinho na Itália, em chave moderna, resultado de uma série de experiências comerciais que tinham consolidado o valor qualitativo dos produtos enológicos desses territórios.
No mesmo período começavam a surgir na Europa as primeiras bases para as denominações destinadas a posicionar-se no topo da enologia do mundo. O Bordeaux estava se consolidando na França, já com uma centena de anos de produção, até que, em 1855, Napoleão III encarregou o Instituto Courtiers de elaborar a Classificação Oficial dos Vinhos de Bordeaux até hoje em vigor. O Champagne, desprezado pelos franceses como vinho defeituoso, estava dando seus primeiros passos na Olimpo dos grandes vinhos, graças a figuras como Dom Perignon, que morreu em 1715. Na Alemanha, a viticultura estava se recuperando da obscuridade devido à guerra de trinta anos.
Em 1700, na Itália, os vinhos eram produzidos em diversos lugares. Na Toscana de Cosimo III, o vinho já era um produto estratégico: basta pensar que a Rainha Anne da Inglaterra gostava tanto dele que o presenteava aos amigos e aliados, ajudando a divulgar o vinho toscano no mundo.
A Toscana tinha a vantagem, já naquela época, de contar com quatro áreas com um estilo bem definido de vinho e personalizado pelo território, ou pelas características climáticas particulares, a partir do solo, mas também pela história e pela intervenção humana. O Chianti (mais tarde Chianti Clássico) nasceu nas colinas, em solos com características únicas e com uvas particularmente adaptadas a tais condições. Hoje dominam as uvas Sangioveses.

Documentos da época comprovam o esforço comercial
Os documentos de arquivo comprovam os esforços do sexto grão-duque de Médici para expandir a rede comercial de vinhos durante a Guerra da Sucessão Espanhola (1702-1714). Durante os anos de guerra, de fato, a Toscana conseguiu manter-se neutra, evitando as repercussões negativas nas vendas a outros países europeus produtores de vinho, envolvidos no conflito. Foi uma década privilegiada para o Grão Ducado. Uma vez que a guerra terminou, no entanto, a situação mudou drasticamente. Como resultado dos acordos de paz assinados entre 1712 e 1714, os produtos espanhóis, alemães e franceses foram trazidos ao mercado. Começavam as primeiras tentativas de falsificação de rótulos. Este fenômeno aumentou o dano e impôs aos vinhos toscanos a perda de uma posição de destaque.
O documento de setembro de 1716 deve ser visto nesse contexto: a necessidade política do grão-duque de relançar os vinhos toscanos de maior comercialização e comercialmente sob maior risco. Anexado à notificação de setembro, outro decreto de julho de 1716 destacava claramente as regras de comercialização e estabelecia penalidades para aqueles que as transgredissem.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.