A ministra italiana das Relações Exteriores, Federica Mogherini, visitou pela primeira vez a sede do Instituto Ítalo-Latino-Americano (IILA), em Roma. A ministra foi recebida no dia 19 de junho pelo presidente da entidade e embaixador do México na Itália, Miguel Ruiz-Cabañas; pelo secretário e vice-presidente, Mario Giro; e pelo secretário-geral, o embaixador Giorgio Malfatti Monte Tretto. Entre os embaixadores dos países membros, estava presente o brasileiro Ricardo Neiva Tavares. O encontro, denominado Sessão Extraordinária do Conselho de Delegados, pode ser definido como uma visita de cortesia. Onze dias antes de a Itália assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia, a ministra falou dos problemas do continente e do resultado das eleições europeias, que na Itália premiou com 40,8% de votos o Partido Democrático, do qual ela é dirigente — informações que certamente os embaixadores latino-americanos já sabiam. Sobre a América Latina, ela destacou o relevante papel da Itália como interlocutor. No entanto, permaneceram lacunas, pois aos jornalistas italianos e latino-americanos presentes não foi permitido fazer perguntas à ministra.
Uma das questões em aberto é como a Itália pretende tratar o delicado tema sobre o acordo entre o Mercosul e a União Europeia. O mercado comum sul-americano — que inclui Argentina, Brasil, Paraguai, Uruguai e Venezuela — ainda encontra sérias barreiras comerciais junto à UE. Outro quesito sem resposta é se existe algum ponto de convergência entre a Itália e alguns países da América Latina sobre reforma das Nações Unidas.
Durante o encontro no ILLA, Mogherini falou metade do tempo improvisadamente, mas leu algumas anotações.
— Para reforçar as relações entre os dois continentes e o papel do IILA, na nossa presidência da UE, vamos organizar um seminário birregional Europa-América Latina, em Nápoles, sobre políticas e serviços públicos para a luta contra a pobreza. Ao longo dos próximos seis meses, a Itália também vai desempenhar um papel central na preparação da próxima reunião UE-CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e do Caribe) — anunciou.
A ministra ainda mencionou as futuras viagens que fará em agosto para Chile, Argentina e Colômbia, e em seguida para México e Cuba. Ela disse também que pretende valorizar dois importantes patrimônios italianos na América Latina, entre eles a cultura.
— O patrimônio ítalo-latino-americano, em relação à rica e extraordinária história de interação e diálogo desde a narrativa, a arte figurativa e a música, sempre caracterizou a dimensão cultural das nossas relações. O Ano da Itália na América Latina, Descobrimentos, Viagem, Histórias e Empresas é uma iniciativa que estamos planejando para 2015-2016, e se encaixa perfeitamente nesta tradição. Acho que o IILA poderá dar uma contribuição importante em algumas destas iniciativas — explicou.
Sobre o ILLA, a ministra Mogherini disse também que se empenha em trabalhar para que a contribuição financeira da Itália possa ser igual ou pelo menos estar no mesmo nível de 2014, quando já registrou um aumento.
— Espero, também, que seja acelerado o processo de concessão de uma sede de propriedade estatal, com um espaço que possa respeitar as obrigações do tratado institucional para garantir o prestígio que o IILA merece — frisou.
A contribuição da Itália ao orçamento do IILA para 2014 é de cerca 2,2 milhões de euros (6,6 milhões de reais), dos quais 41.205 euros constituem a quota obrigatória italiana; 1.757.000 euros representam a quota especial; 464.000 euros são destinados ao aluguel de sede do IILA; e 20 mil euros devem cobrir o custo de manutenção de rotina. A Itália cobre a maior parte do financiamento da entidade, enquanto os 20 países membros contribuem com uma quota proporcional ao respectivo número de habitantes. Segundo as informações do governo brasileiro, publicadas na página oficial do orçamento federal na internet, a contribuição do Brasil para o IILA em 2014 é de 128.396 reais.