Depois de longa temporada na Europa, o ex-zagueiro Aldair volta para o Brasil
{mosimage}Não importa se no gramado ou na praia – eles são loucos por futebol. O tetracampeão do mundo, Aldair, que o diga! Aos 45 anos e aposentado do campo, o baiano participou do primeiro Mundial de Futevôlei 4×4, realizado no Rio de Janeiro, entre os dias 31 de março e 2 de abril. O evento começou surpreendente: além de Aldair, competiram os ex-jogadores Romário, Renato Gaúcho e o inesquecível Romerito, o paraguaio que integrou o elenco de clubes, como o Barcelona e o Fluminense.
A equipe paraguaia venceu a brasileira por 25×20, dando título a um país que não possui praias – resultado inusitado e que mostra, uma vez mais, que a qualidade do atleta pode ir além das condições que lhe são oferecidas.
O objetivo do campeonato foi promover a profissionalização do esporte. Geralmente jogado em duplas, a edição inovou organizando equipes com o dobro de atletas.
— Criamos a modalidade 4×4, com quatro jogadores em cada equipe, diminuímos a altura da rede e trouxemos mais dinamismo para o jogo — conta Renato Adnet, diretor técnico do evento.
Apesar da derrota, Aldair espera que o futevôlei esportiva seja inserida em grandes competições, como as Olimpíadas. O capixaba aposentou as chuteiras em 2003. Sem a formação oficial da época, a Roma apresentou antigos companheiros de clube, dentre eles, Cafu. O técnico era Ottavio Bianchi, o mesmo que impediu a saída do brasileiro, em 1990.
— Não esperava sair tão cedo do Benfica. Lá, o futebol é mais solto como no Brasil. Na Itália é diferente. Até pensei em voltar para Portugal, mas, o treinador falou pra eu ficar, disse que a adaptação era questão só de tempo. Foi o que aconteceu — relembra.
Embora Itália e Brasil compartilhem a mesma paixão pelo calcio, manifestam estilos e personalidades diferentes. Mais rígidos e defensivos, os italianos enfrentam um momento crucial – a reestruturação da seleção. A Azzurra conquistou a Copa de Mundo em 2006, mas não repetiu o sucesso na África. A delegação voltou para casa entre decepção, lágrimas e um pedido, vindo direto do capitão: investimento nos jovens.
De olho em novos talentos, Aldair acompanha clubes menores em busca de atletas que possam ser levados para o exterior. Para isso, privilegia descendentes de italianos ou jovens com dupla cidadania.
— A gente procura indicar, mas nada de compromisso com um clube ou outro. Porém, é difícil achar um jovem que jogue bem e também tenha passaporte — conta.
No final de março, ele esteve em Conceição do Castelo (ES), para observar a garotada. Os meninos tiveram meia hora para mostrar o que sabem fazer e tentar a sorte que Marcos Diniz, de 23 anos, pôde desfrutar. Hoje, está na Bélgica graças ao auxílio de Aldair. Coincidentemente, é também zagueiro.
Contudo, para fazer bonito, só talento não basta. É necessário, essencialmente, disciplina.
—Aqui [no Brasil], podemos bater um pagode dentro do ônibus. Na Itália, se o jogador fizer isso, o técnico já olha diferente, acha que vai atrapalhar a concentração na partida. Na Itália, disciplina é muito importante, dentro e fora do campo — deixa a dica.
Sonhos que poderão se tornar realidade, uma vez que o Brasil sediará a próxima edição da Copa do Mundo. Falando em mundiais, o que dizer de 1994? Talvez nem ele consiga.
— Me faltam as palavras… Eu fui um dos últimos convocados. Pra mim foi muito especial. A Copa do Mundo é sempre um grande evento e foi muito esperada. Quando eu comecei no futebol, não pensava em jogar nesse nível todo. Não era meu pensamento. Eu queria jogar pra me divertir. Era garoto, tinha 18 anos, não pensava que isso tudo pudesse acontecer.
Lembranças com gosto de saudade. Uma mistura bem típica do futebol e até quem não acompanha, pode entender.