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Home > Um desafio made in Italy

Um desafio made in Italy

11 de fevereiro de 2015 - Por Comunità Italiana
Um desafio made in Italy

Um desafio made in ItalyNa contagem regressiva para a abertura da Expo de Milão, organização mostra que superou turbulências como a prisão do diretor Angelo Paris por corrupção e a queda de três governos

A Exposição Universal de Milão entra na reta final. A contagem regressiva já começou para a abertura oficial, prevista para o dia 1º de maio, quando todos os sinos vão badalar na Lombardia, depois do concerto da véspera com Andrea Bocelli e outros artistas internacionais, ainda sob segredo. Enfim, começam a tomar corpo e conteúdo os 53 pavilhões que ocupam a área de Rho, com 1,5 km de extensão por 350 metros de largura, com direito a serviços para pessoas que têm diferentes habilidades. E tiram-se as contas desta enorme engrenagem, como um navio que singrou em águas turbulentas desde o começo, contra ondas gigantescas e tanta névoa, fenômenos que formam um enorme banco de provas para o administrador delegado e comissário único Giuseppe Sala. Ele chega à sede da Stampa Estera de Milão, no centro da cidade, acompanhado apenas da assessoria de imprensa do evento e de um resfriado típico de inverno, o que não significa estar com a imunidade baixa, pelo contrário. Demonstra perfeita saúde física e, principalmente, mental, além de humanidade e confiança, e de uma boa dose de autocrítica em relação ao trabalho desenvolvido.
— Em certo momento, temos que tomar decisões. Fui muito criticado por ter escolhido a companhia canadense Cirque du Soleil para promover o espetáculo Allavita, criado para o evento, durante quatro meses. Eles oferecem um trabalho reconhecido internacionalmente, com participantes de diferentes nacionalidades — comenta Sala, sobre a última e recente polêmica que envolveu a escolha da companhia estrangeira em detrimento daquelas de “casa nostra”, satisfeito com a venda de oito milhões de ingressos do total dos esperados 24 milhões, a três meses do evento. Os chineses estão na liderança absoluta da compra dos bilhetes.
Diante de dezenas de jornalistas de todo o mundo, Sala enfrenta uma sabatina sem deixar de responder a nenhuma pergunta, por mais espinhosa que seja, a começar pelo escândalo de corrupção que, um ano atrás, quase o levou à demissão. As licitações públicas para as obras de infraestrutura — como a realização de estacionamentos e pavilhões de alguns países — despertaram a gula de muitos empresários que não mediram esforços para corromper os dirigentes e vice-versa. Em pouco tempo, elas se transformaram em um mar de cartas marcadas.

“Ainda bem que aconteceu um ano antes do fim dos trabalhos”
Entre os sete homens da Expo presos pela Guardia di Finanza e pela Divisão da Procuradoria Antimáfia, estava Angelo Paris, diretor geral de construção e demolição da Expo e braço direito de Giuseppe Sala, que viveu, naquele momento, um baque violento, pessoal e profissional.
— No domingo, depois de três dias nos quais pensei em me demitir, recebi um telefonema do então presidente Giorgio Napolitano. Ele me pediu para continuar com os trabalhos. Então, zerei tudo e continuei. Mas não foi fácil encarar o meu grupo jovem de trabalho — relembra, com a voz e a consciência tranquilas. E não nega que viveu momentos muito difíceis, durante os quais não se dava paz.
— Eu fiquei pensando, relembrando tudo para descobrir algum sinal, alguma indicação sobre o que estava ocorrendo ao meu redor e que eu não tivesse notado. Mas não encontrei nada, não encontrava nada que pudesse estar errado — confessa, quase como se desejasse pedir desculpas em público, com uma mistura de pudor e resignação de quem foi traído por alguns de seus mais estreitos colaboradores que criaram uma cúpula de poder paralelo dentro da organização do evento.
É preciso lembrar que existe um inquérito, um processo em andamento sobre um sistema de propinas que chegou a distribuir mais de dois milhões de euros, ressalta.
— No caso do Paris, não houve o envolvimento de dinheiro, mas sim a promessa de uma carreira profissional. Sofremos um duro golpe na imagem. Ainda bem que foi um ano antes do fim dos trabalhos — afirma.
Aquele momento se tornou um divisor de águas, com a chegada de Raffaele Cantone, homem acima de qualquer suspeita, nomeado pelo governo executivo e quem, junto com Giuseppe Sala, dá a última palavra sobre as licitações. 
Depois da tempestade, chegou a bonança e a ordinária administração, embora tenha havido algumas pedras no caminho.
— A Expo é uma start-up com a morte decretada para outubro — lembra Giuseppe Sala sobre a duração da empresa criada para o evento.
E depois do dia 31 de outubro, quando termina a Expo?
— Fizemos uma licitação pública para o uso da área, mas não encontramos interessados. O terreno pertence à prefeitura de Milão e à Região da Lombardia, principalmente. Esta é uma resposta que não temos agora — revela.
A área total tem um milhão de metros quadrados. Os pavilhões, após os eventos, serão desmontados. Uma série de acordos pré-estabelecidos limita a volumetria à construção civil de condomínios, por exemplo, e obrigam que a metade dos terrenos seja de uso público, ou seja, um parque. Os atuais proprietários, que pagaram 150 milhões de euros pela área, precisam vendê-la pelo dobro, no mínimo, para empatar com os custos da infraestrutura construída para a Expo. Uma bomba-relógio marcada para explodir depois do fim. Em teoria, a herança física de uma Expo, normalmente, é tão importante quanto o evento em si.
 
Cacau africano, ensaio de Sebastião Salgado dedicado ao café e estímulo ao consumo consciente
Se antes foi uma vitória em cima da cidade turca de Esmirna, principal concorrente na época — além de sobreviver a quatro governos (Berlusconi, Monti, Letta e Renzi), e à queda do presidente da Lombardia, o “celeste” maculado pela suspeita de corrupção, Roberto Formigoni — o depois ainda é uma incógnita, e o durante tem tudo para se transformar na maior quermesse do planeta, com a presença de 148 países que darão vida ao tema “Alimentando o Planeta, Energia para a Vida”, através de suas respectivas histórias de cultura alimentar.
— Ao contrário de Shangai, sede da última Expo (2010), decidimos reunir os países em desenvolvimento, com poucos recursos para a construção dos próprios pavilhões, em “cluster pavillions” criados em função dos alimentos. Por exemplo, no do cacau, teremos a Costa do Marfim, líder mundial do setor, junto com outros países africanos que cultivam o produto, como Gana e Gabão. Isso cria uma agregação feita de pontos em comum e não em função da geografia. A empresa Illy, que anos atrás encomendou ao fotógrafo brasileiro Sebastião Salgado um trabalho nas plantações de café, vai emprestar o acervo para uma grande mostra no cluster dedicado ao café, onde vão estar reunidos os países produtores que não possuem um pavilhão exclusivo —conta Giuseppe Sala, que escolheu citar aos jornalistas o pavilhão da Suíça.
— Eles trazem um conceito muito interessante. Uma estrutura feita com chocolates que podem ser consumidos pelo visitante. Mas é preciso ter um consumo consciente, e eis o conceito, para dar a todos a possibilidade de provar o produto que não vai ser reabastecido — adianta Sala, dando a ideia de que uma Expo made in Italy — mais global do que isso, impossível — com toda a beleza e o estilo passados a limpo pela organização que manteve alta a oferta da embalagem e do conteúdo de cada participante.

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.