{mosimage}Líder mundial de máquinas de fazer sorvete, Carpegiani forma milhares de novos gelatieri na primeira Universidade do Gelato do mundo, em Bolonha. Em 2012, filial será aberta em São Paulo
A Itália é a pátria do melhor sorvete do mundo. Por trás de um delicioso gelato, existe não apenas uma receita. Ele exprime a cultura e a antiga tradição italiana, mas, para se chegar ao legítimo gelado artesanal é preciso, também, estudo. A Carpigiani, líder mundial na fabricação de máquinas para sorvetes, sabe disso. Eles tiveram a ideia de fundar a primeira “Universidade do Gelato” do mundo, onde, além de revelar os segredos das melhores receitas, ensinam que abrir uma sorveteria pode ser um excelente negócio. Desde a fundação em 2003, em Bolonha, a Carpigiani Gelato University formou milhares de pessoas do mundo inteiro. Diferentes línguas e um único gosto: o vero gelato italiano.
As classes da universidade estão lotadas com alunos vindos de todas as partes, mas os motivos que levam milhares de pessoas a ir até Bolonha aprender a fazer sorvete são dois: o sonho de mudar de vida e empreender um bom negócio. A diretora da universidade, Kaori Ito, uma chef japonesa radicada na Itália, explica que, na maioria dos casos, o curso representa uma mudança de vida na carreira de cada um.
— A idade média dos estudantes é de 35 a 40 anos. Eles estão prontos a começar um novo capítulo nas suas vidas.
A brasileira de origem italiana Marcia Garbin, de 29 anos, ganhou uma bolsa de estudos do projeto “Pioneiros do Gelato”, um curso que ensina como fazer sorvete e também as competências empresariais.
— O sorvete comigo foi como amor à primeira vista. Porém, quando cheguei à Itália, percebi que um bom gelato era completamente diferente do que eu imaginava. Eu quis aprender a fazer sorvete para realizar um sonho, mas acabei entendendo uma coisa ainda maior: o business. Vou abrir uma gelateria no Brasil que vai ter, além dos sabores tradicionais italianos, gostos diferentes para o mercado brasileiro — planeja.
A Carpegiani quer incentivar os participantes a desenvolverem um modelo start-up no momento em que a recessão tem mostrado que é preciso investir em si mesmo e nos próprios valores. Eles ajudam os graduados na hora de abrir a própria sorveteria, auxiliando-os na escolha do melhor ponto e na elaboração de um plano de negócios.
A executiva da indústria têxtil Holy Randrianasolo pretende abrir a sua loja em Madagascar, sua terra natal.
— A minha atividade será em Antananarivo, mas vai ser dedicada a um público mais rico — diz.
Já o estudante Kevin Koh, de Singapura, foi fazer o curso e descobriu um universo que ele não conhecia.
— Eu nunca havia entendido a importância dos ingredientes, as fases de preparação e como fazer o sorvete. Agora, sei por que o gelato representa uma cultura — comenta.
Curso completo custa 2.800 euros
O curso profissional completo dura quatro semanas e é dividido em três fases: básico, intermediário e avançado. Os alunos pagam cerca de 2.800 euros e aprendem desde as noções básicas das proporções da receita, a mistura dos ingredientes e a química, até como montar uma vitrine e variar os produtos de acordo com as estações do ano, além de gerenciamento e marketing. Os professores são grandes chefs do setor. A Carpigiani considera que cada aluno vai divulgar a cultura italiana pelo mundo através do gelato.
Para fazer um bom produto, não basta uma simples batedeira e uma geladeira, é preciso também uma máquina profissional de qualidade. Apesar da Carpigiani ser fabricante de diversos tipos de máquinas de sorvete, os alunos do curso não são induzidos a comprar os seus equipamentos. Para eles, o mais importante é o conhecimento e a prática.
Na Itália, fabricar um quilo de sorvete custa de 2 a 4 euros, incluindo a matéria-prima. Em compensação, o quilo de sorvete é vendido ao consumidor por um valor de 15 a 20 euros, ou seja, o proveito é certo. A Carpigiani encomendou um estudo de mercado sobre as possibilidades do lucro da atividade. Os dados demonstraram que, considerando o investimento nos equipamentos (máquinas, vitrines), as despesas de funcionamento do local, como aluguel e empregados, para cada euro investido, a margem de lucro é de 75%.
Em 2012, a Carpigiani Gelato University vai abrir uma filial em São Paulo. O curso básico será coordenado pelo mestre Frederico Jardim Samora , internacionalmente premiado e um dos mais famosos chefs do Brasil. Formado em administração de empresas, ele decidiu se dedicar à sua paixão pelos sorvetes e fez da sua profissão um sucesso.
Os melhores “mestres” no mundo não dão a receita, mas apresentam uma característica em comum: são integralistas da pureza. Os ingredientes devem ser puros, sem aditivos ou gorduras hidrogenadas e, de preferência, nativos, para respeitar a qualidade do sabor e da cultura local. Afinal, para os italianos, o sabor é cultura.