{mosimage}Criado por iniciativa de imigrantes italianos em São Paulo, colégio Dante Alighieri completa 100 anos em 2011
No início do século XX, imigrantes italianos que se estabeleceram em São Paulo decidiram unir esforços para montar uma escola onde seus filhos pudessem manter o contato com a língua e a cultura italianas. Com a ajuda do governo da Itália, famílias de imigrantes se juntaram para comprar um terreno próximo à Avenida Paulista, em frente a um grande pedaço de Mata Atlântica, hoje conhecido como parque Trianon. Nascia, assim, o colégio Dante Alighieri.
Fundado em 9 de julho de 1911, o Dante Alighieri comemora este ano seu centenário, com uma série de eventos que se estenderão até o final de 2011. Considerado um dos mais tradicionais de São Paulo, o colégio foi uma iniciativa da Società Nazionale Dante Alighieri, criada em Roma em 1889 com o objetivo de desenvolver atividades culturais e garantir o ensino da língua italiana em países onde havia um grande número de imigrantes vindos do país. Com exceção das aulas de português, quase todas as demais disciplinas eram ensinadas por professores italianos, trazidos para o Brasil pelo colégio.
— No início, os imigrantes não sabiam se ficariam no Brasil ou se voltariam para a Europa. Então, nos primeiros anos, houve a preocupação em manter os vínculos com a Itália — explica o presidente do colégio, José de Oliveira Messina.
Assim como todos os membros da diretoria do Dante, Messina é ex-aluno da escola, onde estudou de 1934 a 1946.
— Imagine um garotinho que entrou no colégio em 1934 e hoje é presidente do centenário. Fico embasbacado quando penso nisso — diz Messina, aos 83 anos. Eleito pelo conselho do Dante em 2008, ele acaba de iniciar seu segundo mandato como presidente da instituição de ensino, mas já passou por vários cargos da diretoria executiva desde que foi convidado para trabalhar na administração do colégio, há quase 20 anos.
Desde que se tornou presidente, uma de suas maiores preocupações é reaproximar os ex-alunos, promovendo eventos como churrascos, concertos e até mesmo um cruzeiro de navio, organizado em janeiro deste ano para comemorar o centenário do Dante Alighieri.
Ainda que o Dante já não tenha mais a maioria de seus alunos vindos de famílias italianas, Messina pretende reforçar os vínculos do colégio com o país.
— Estamos em contato com o embaixador da Itália no Brasil, Gherardo La Francesca, e o cônsul da Itália em São Paulo, Mauro Marsili, pois queremos montar um currículo pedagógico para que o aluno possa, se quiser, terminar os estudos e ir para uma boa faculdade na Itália.
O foco principal é na Itália, mas o colégio está atento às mudanças do mundo contemporâneo. Hoje o Dante oferece também o ensino de mandarim, “porque esse é o futuro”, defende Messina.
Atualmente, a escola possui 4200 alunos, de três a 18 anos de idade. Entre os estudantes que frequentaram suas salas de aula, estão pessoas como o ex-ministro das Relações Exteriores Celso Lafer, o senador Aloysio Nunes Ferreira, a consultora de moda Costanza Pascolato, o jornalista Mino Carta e Rogerio Fasano, dono do restaurante que leva seu sobrenome.
Para a chef Silvia Percussi, proprietária do restaurante Vinheria Percussi e aluna do Dante durante 13 anos, os alunos da instituição formam uma família.
— As pessoas que se conhecem no Dante viram uma família. Encontro minhas amigas daquela época uma vez por mês — revela Silvia, que escreve duas colunas de gastronomia na revista Dante Cultural, distribuída mensalmente pela escola — Minha avó e minha mãe estudaram no colégio, meu marido também se formou no colégio e nossa filha hoje estuda ali. O Dante faz parte da minha vida — completa.