Comunità Italiana

Um toque de genética e amor

Pietro Petraglia Editor

Que todos os brasileiros têm um pouco da Itália em sua alma e no coração, mesmo os que não contemplam a italianidade em sua árvore genealógica, é público e notório. Mas há brasileiros que fazem questão de orgulhosamente bater no peito e dizer: “Sou italiano!”. Nesta edição da Comunità, essa paixão está mais do que latente. Ora, paixão? Não. Definitivamente é muito mais que somente paixão: é amor mesmo, e sejamos francos. Para termos certeza disso, basta conferir as entrevistas com o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande, e a secretária de Fazenda de Niterói, Giovanna Guiotti Testa Victer. O líder capixaba empolgou-se — e não é para menos — com a recente confirmação de que Vitória receberá uma agência consular da Itália e com a possibilidade de acordos bilaterais a serem assinados com autoridades do Vêneto. Compartilha dessa mesma empolgação, a secretária de Fazenda de Niterói — cidade que ostenta o mais elevado Índice de Desenvolvimento Humano Municipal no estado do Rio de Janeiro — Giovanna, para quem foi fundamental a raiz italiana na construção de sua brilhante trajetória no setor público, e essa capacidade gestora vem se desdobrando em recursos que poderão fazer de Niterói um dos maiores potenciais polos navais do país.

Do gabinete público à área cultural. Dois grandes artistas brasileiros, cada um em seu campo, também incorporam em suas jornadas profissionais o espírito da Itália. Imortal da ABL, Ana Maria Machado conversou com o nosso repórter Matheus Sousa, destacando os 50 anos de carreira e a influência que a cultura e a literatura italianas exerceram em sua vida. A genial escritora revela que, no período em que esteve exilada durante a ditadura militar, visitava a Itália. Era o momento em que dizia se sentir em casa. O ator Rodrigo Santoro não se distancia de Ana Maria Machado. De genuína essência italiana, ele disse à repórter Janaina Pereira que herdou do pai o sangue quente do sul da Calábria. Certamente, fator decisivo em suas magistrais atuações em cena.

Mas economia também está na ordem do dia. Após cerca de 20 anos de muito debate, finalmente foi assinado o acordo comercial entre os blocos econômicos do Mercosul e da União Europeia, que promoverá um salto extraordinário na produção nacional, além de permitir o ingresso de produtos de alta qualidade antes impedidos pelos altos valores por aqui. Em tese, assim deverá ser. Há, inicialmente, alguns setores que sentirão mais que outros a concorrência inicial de mercado. Isso é natural em qualquer comércio livre e desimpedido. Mas é bom frisar que alguma proteção para produtor interno — sobretudo no campo da carga tributária — seja considerada. Isso é fundamental para evitar disputas desleais. Tem de ser bom para todos, afinal. E bom também o caminho das reformas. A da Previdência parece bem encaminhada. Vamos aguardar agora outras também essenciais como a tributária. Está mais do que na hora de o Brasil sair do limbo no qual levianamente o colocaram.

Boa leitura!