Comunità Italiana

Uma ilha para ser descoberta por inteiro

Território onde arte, história e cultura se fundem com o mar e a natureza, a Sicília ainda é um tesouro turístico escondido entre arquipélagos e vulcões

Em mais uma etapa da viagem da Comunità pelas regiões do Belpaese, desembarcamos na Sicília que, com os seus quase 26 mil quilômetros quadrados de extensão, é a maior ilha da Itália e do Mediterrâneo. Embora seja também a maior região do país, a população residente não supera os cinco milhões de habitantes, sendo a quarta região mais populosa da Itália. Mar e montanha, praias e bosques, enseadas rochosas e exuberantes planaltos se fundem nesta terra de atmosfera única, cercada pelos arquipélagos das ilhas Eólias, das Égadas e das Pelágias, além das ilhas de Ústica e Pantelária. Terra rica de história, possui ainda vívidos traços das antigas dominações gregas e romanas, e a arquitetura de suas cidades foi fortemente influenciada pela presença árabe e à normanda da Alta Idade Média.
A Itália, com 51 sítios considerados patrimônio da humanidade pela Unesco, é o país com o mais alto número de reconhecimentos das Nações Unidas. A Sicília, com sete sítios Unesco, é, por sua vez, a região que hospeda o maior número de atrações na Itália. Um dado que, sozinho, poderia ser suficiente para explicar a riqueza e o esplendor da ilha: os sete sítios sicilianos patrimônio da humanidade são a villa romana do Casale, que se encontra perto da cidade de Piazza Armerina; o parque arqueológico e paisagístico do Vale dos Templos de Agrigento, caracterizado pelo excepcional estado de conservação e por uma série de importantes templos dóricos e do período helênico; as ilhas Eólias, que compreendem os dois vulcões ativos de Stromboli e Vulcano; as cidades do tardio barroco do Val di Noto, no sudeste; a cidade de Siracusa e a necrópole rochosa de Pantálica — que representa um dos mais importantes lugares proto-históricos sicilianos, útil para compreender o momento de passagem da Idade do Bronze para a Idade do Ferro; e o Monte Etna, de 3.338 metros, o complexo vulcânico ativo mais alto de toda a placa euroasiática, além de ser o monte mais alto da Sicília. A Palermo árabe-normanda e as catedrais de Cefalù e Monreale, último sítio siciliano a ser reconhecido pela Unesco, em julho de 2015, reúne nove bens artístico-monumentais de época árabe-normanda.

Palermo, Siracusa e Messina, museus a céu aberto
A Sicília oferece, realmente, opções para todos os gostos: passa-se de lugares exclusivos e encantados, dotados de locais da moda e praias equipadas, a burgos característicos e trechos de costa intocados. A capital Palermo é a cidade mais importante e extraordinariamente rica de história. Juntamente à sua localidade balneária mais conhecida, a praia de Mondello, representa uma síntese extraordinária da região, misturando história, cultura, tradições, natureza e serviços turísticos de vanguarda. A poucos quilômetros de Palermo, está Cefalù, uma das localidades balneárias mais apreciadas da Sicília, que figura entre os burgos mais bonitos da Itália e dentro do Parque das Madonias. Taormina, pequena cidade na província de Messina, é com certeza uma das metas mais famosas e renomadas por causa dos extraordinários recursos naturais e dos monumentos de grande valor histórico e cultural, mas também por causa dos estabelecimentos balneários da moda e de sua incansável balada. A cidade de Siracusa, e em especial a zona da velha Ortigia, é um museu a céu aberto e com vista para o mar, onde é possível perder-se entre as ruazinhas sugestivas e os edifícios históricos de inestimável valor.
Erice e Trapani misturam o fascínio da história e da natureza com vistas de perder o fôlego do mar Mediterrâneo: Selinunte, em especial, é um dos maiores parques arqueológicos da Europa. Perto de Agrigento, além do Vale dos Templos, que representa um dos mais importantes testemunhos arqueológicos do mundo, destaca-se a Scala dei Turchi (Escala dos Turcos), um penhasco de cor branca perto de Realmonte. Depois, tem a zona de Val di Noto, com os centros históricos de Scicli, Noto, Modica e Ibla, caracterizados pelo estilo tardo-barroco que impressiona pela beleza, pelos detalhes e pela intensidade das cores. Aos pés do Etna, surge, por sua vez, Catânia, a segunda maior cidade da Sicília e um dos lugares mais vivos e dinâmicos de toda a ilha, seja pelo estupendo centro histórico animado por uma frenética balada, seja pelo esplêndido litoral no qual se destaca a cidade de Acitrezza.
No DNA da Sicília está, essencialmente, o mar, que frequentemente encontra espetaculares colinas rochosas e imponentes penhascos. Na zona sudeste da ilha, estende-se a Reserva Natural de Vendicari. Ao sudoeste, situa-se a espetacular faixa costeira, em grande parte incontaminada, que começa em San Vito Lo Capo, atravessa a Riserva Naturale dello Zingaro (Reserva Natural do Cigano) e chega até Castellamare del Golfo. Não dá para perder as Gole dell’Alcantara, um autêntico cânion natural no coração da Sicília. Ainda há os arquipélagos formados por ilhas e ilhotas, que proporcionam atmosferas e experiências únicas, e permitem viver o contato com o mar em sua absoluta plenitude: o arquipélago das Ilhas Eólias é formado por Lípari, Salina, Stromboli, Vulcano, Alicudi e Filicudi. É possível ir de uma ilha a outra em pequenos barcos.
Paraísos para os amantes do mar são as Ilhas Égadas, na direção de Trapani, com Favignana, Levanzo e Marettimo, que oferecem enseadas, fundo do mar e prainhas que fazem perder o fôlego. Serenidade, vida autêntica e ausência de poluição são as peculiaridades da ilha de Lampedusa, ao sul da costa de Agrigento.

Em Pantelária, ilha mais perto da África do que da Itália, sopra o vento siroco, vindo do Saara
Enfim, no coração do Mediterrâneo, mais perto da África que da Sicília, surge a ilha de Pantelária, conhecida no mundo pelo seu mar estupendo, pelos característicos Dammusi e pelo vento siroco que acaricia a alma. Apesar do mar ser a sua principal atração, os apaixonados por montanha também podem aproveitar o território graças a picos respeitáveis: além do Etna, temos os picos de Pizzo Carbonara, nas Madonias, com quase dois mil metros de altura, de Monte Soro, nas Nebrodi, com 1.847 metros de altitude, e de Rocca Busambra, nos Montes Sicanos, que atinge 1.613 metros. Imperdíveis também são os parques, começando pelo parque do Etna, que circunda grande parte do vulcão e proporciona um ambiente único e incomparável, rico de sons, perfumes e cores. O Parque Natural de Nebrodi é um coração verde e palpitante estendido sobre o mar entre Palermo e Messina, pastos, lagos e bosques. O Parque Nacional das Madonias é, por sua vez, um paraíso botânico que hospeda mais da metade das espécies presentes na Sicília, sem falar na rica fauna. Enfim, os Montes Peloritanos são uma cadeia montanhosa do nordeste siciliano, que vai de Capo Peloro aos Montes Nebrodi.
Apesar do patrimônio histórico, cultural e natural realmente imenso, a Sicília ainda não conseguiu usufruir plenamente de seu potencial — são cúmplices disso a máquina administrativa e burocrática muito engessada. Não por acaso, a ilha, em 2015, conseguiu atrair somente 3,7% das presenças turísticas nacionais: um índice mais baixo de muitas outras regiões italianas, sem dúvida fascinantes, mas menos espetaculares e cenográficas. Nos últimos tempos, a tendência tem piorado: em 2015, com relação ao ano anterior, a Sicília foi uma das poucas regiões do Belpaese que perdeu turistas (-2,8%), junto com Piemonte e Abruzzo. É uma terra que, em teoria, poderia vender-se sozinha; porém, o atraso infraestrutural e a falta de atividades de marketing territorial incisivas e de promoção turística freiam um território que corre o risco de continuar a ser, ainda por muito tempo, um tesouro escondido.