Colégio Dante Alighieri inaugura a primeira turma do ciclo ECCE Due com currículos italiano e brasileiro e avança em seu projeto de proporcionar um ensino globalizado e atender às expectativas de adolescentes da geração Alpha
O início do ECCE Due, que corresponde à Scuola Media italiana, e ao período do sexto ao oitavo ano do Ensino Fundamental brasileiro dará continuidade ao projeto de ensino bicurricular, iniciado pelo Dante em 2014, época do lançamento do ECCE Uno. Esse ciclo corresponde à Scuola Primaria na Itália e à primeira fase do Ensino Fundamental no Brasil (1º ao 5º ano). O ensino bicurricular é mais uma etapa do plano do Dante de proporcionar aos alunos uma vivência internacional. Desde 2017, o colégio já promove o processo de seleção para ingresso nas universidades de Turim (2017) e Bolonha (2018). As provas são online e os candidatos podem escolher entre os cursos de Engenharia, Ciências Naturais e Agrárias, Economia, Estatística e Ciências Sociais. Conforme a classificação e histórico escolar dos aprovados, as instituições ainda oferecem bolsas de estudos. Nesse período de dois anos, cinco alunos do Dante já foram contemplados com bolsas para cursar a universidade na Itália. As provas não são restritas à comunidade do colégio e podem ser feitas por qualquer estudante que já tenha concluído o Ensino Médio.
Para quem está de olho nos Estados Unidos, a escola oferece também o programa High School,que pode facilitar o ingresso às universidades americanas. Com disciplinas como speech, história americana e literatura ministradas em inglês por professores nativos, o programa oferece o número de créditos necessário para equivalência com o currículo das escolas americanas, garantindo um diploma reconhecido pelas universidades dos EUA. Desde 2017, os alunos do sétimo e oitavo anos podem fazer o Middle School, em preparação para o High School.
Os programas internacionais, com o propósito de imersão total numa língua estrangeira e formação de cidadãos globalizados, têm sido uma aposta crescente entre as escolas de alto padrão no Brasil. Nos últimos anos, investidores do mercado financeiro, por ideologia e, claro, pelo potencial de negócio, se voltaram para investimentos na educação básica. O empresário Jorge Paulo Lemann, da Endeavor, inaugurou o colégio Eleva, no Rio de Janeiro, enquanto o ex-sócio da rede de ensino superior Estácio, Chaim Zaher, criou a rede Concept. Outros gigantes da educação que surgiram nos últimos anos foram o Avenues, o Beacon e o The Graded. Esse boom da educação internacional por mensalidades que não saem por menos de quatro mil reais está sintonizado com o interesse dos jovens em cursar uma graduação em outros países ou se preparar para um mercado de trabalho cada vez mais globalizado.
Segundo a associação de agências Brazilian Education & Travel Association (Belta), os países que mais têm atraído estudantes estrangeiros são Canadá, EUA e Reino Unido. No nível superior, se destacam Portugal, França e Canadá, que estão abertos aos alunos aprovados no processo de seleção do Enem. A nota de classificação e o histórico escolar do candidato podem ser apresentados em instituições desses países para serem avaliados e inscritos nos respectivos exames de seleção dessas universidades. A Itália também está entre os destinos mais atraentes para os brasileiros.
— Além da afinidade entre italianos e brasileiros, o custo dos cursos universitários na Itália é bem mais acessível que no Brasil. O que se paga aqui em um mês daria para pagar um ano completo de faculdade na Itália — afirma a coordenadora do Departamento de Italiano do Dante Alighieri, Angela Angoretto.
O curso acadêmico na Itália custa uma média de 500 a dois mil euros, por ano, dependendo da renda familiar, enquanto uma universidade privada no Brasil pode custar até mil dólares, ao mês. Para Angela, a principal diferença das escolas nos dois países é a formação cultural. A Itália dá ênfase ao ensino da História por meio da cultura e das artes e mantém um foco mais na formação humana e cidadã, enquanto no Brasil o foco está mais concentrado no conteúdo que pode levar o aluno a passar no vestibular.
Foco nas habilidades linguísticas
O currículo do ECCE Due não é bilíngue, embora a
escola ofereça disciplinas eletivas para aqueles que queiram adquirir o nível
de proficiência exigido por órgãos certificadores. Angela ressalta que o Dante
definiu como diretriz para seu curso bicurricular a imersão na cultura italiana,
europeia e humanística.
— O objetivo do Dante é que o aluno se interesse e conheça a cultura da Itália, que é muito rica. O conteúdo é focado no desenvolvimento de habilidades linguísticas, mas, em conjunto, com o ensino de Literatura, História e Geografia. Os alunos são estimulados a lerem os clássicos como Ilíada e Odisseia — afirma.
No curso tradicional, os alunos têm três aulas de italiano e três de inglês. Já no curso bicurricular são sete aulas de italiano e cinco aulas de língua inglesa. O aumento da carga horária do inglês é uma exigência para que o curso seja validado por órgãos reguladores da Itália.
O plano para o ECCE Due é começar uma turma a cada ano e em 2021 concluir o período do sexto ao oitavo ano. Em 2022, o colégio chegará ao ECCE Tre, correspondente ao Liceo italiano, que inclui as séries do nono ano do Ensino Fundamental até o final do Ensino Médio. O curso só será reconhecido pelo governo italiano em 2025, ao término do ECCE Tre. Todos os anos, o Consulado faz uma verificação sobre o cumprimento das exigências do programa italiano.
O lançamento do curso bicurricular ECCE Due para o sexto ano faz parte do projeto de valorização da italianidade do colégio, acredita o presidente da instituição José Luiz Farina.
— Já tínhamos o ECCE Uno e, agora, a expansão do ensino bicurricular com o ECCE Due reforça esse nosso compromisso pela valorização da italianidade. A oferta do curso procura também atender às demandas das famílias por cursos bicurriculares que proporcionem uma formação mais global. Já temos um High School de excelente padrão para quem quer equivalência com o currículo norte-americano. Com uma formação mais ampla, os estudantes se preparam melhor para continuar estudando ou para trabalhar em qualquer país do mundo. Com orgulho, estamos conseguindo agora retomar a oferta do ensino do currículo italiano em paralelo com o brasileiro.
Entre as ações mais recentes para avançar com a proposta de valorização da cultura italiana no Brasil, Farina cita uma parceria com a Universidade Politecnico di Torino e a Universidade de Bolonha.
— Pelo acordo, podemos realizar processos seletivos aqui no Brasil para os candidatos interessados em estudar nessas instituições. Com o Politécnico, já realizamos as provas por dois anos consecutivos. Com a Universidade de Bologna, começamos uma parceria no ano seguinte, mas já realizamos o vestibular uma vez. Outra iniciativa é a oferta de disciplinas eletivas para alunos do Ensino Médio que focam o ensino de História e Cultura Italiana, além da Gastronomia.
Além disso, o colégio possui um calendário de eventos voltado para as tradições do Belpaese, como a Festa della Repubblica Italiana no dia 2 de junho, com a participação do cônsul-geral da Itália em São Paulo, e eventos culturais patrocinados tanto pelo Consulado quanto pelo Instituto Italiano de Cultura.
O diretor da instituição privada afirma que o principal desafio de sua gestão é “fazer com que o Dante continue a ser reconhecido como uma escola que forma cidadãos”.
— Trabalhamos para que nossos alunos recebam uma formação acadêmica de extrema qualidade, capaz de torná-los aptos a enfrentar os desafios que tenham pela frente. E estamos nos dedicando para que o Dante tenha o currículo italiano completo e reconhecido pelo governo italiano. É um sonho pelo qual batalhamos muito para alcançar.
Para ele, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) é um caminho possível para melhorar a posição da educação brasileira, que ocupa as últimas posições em Ciência, Matemática e Leitura no ranking do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (PISA).
— A BNCC é um caminho possível para mudar essa triste realidade e vai promover mudanças, como a adoção de currículos mais robustos e a ampliação de conhecimento com as competências e as eletivas. Em educação, há sempre o que melhorar, e o Brasil precisa entender o papel de cada um neste processo. É preciso uma força-tarefa de todos os atores sociais envolvidos com a escola: a própria instituição de ensino, o governo, professores e os pais. No Dante Alighieri, quando percebemos alguma dificuldade no processo educacional, nossa ação imediata é envolver todas as pessoas em torno daquele problema para resolvê-lo. Assim é na nossa comunidade, e assim deveria ser no Brasil — afirma Farina, que assumiu a presidência do colégio em dezembro de 2014.