O recém-inaugurado Museu do Amanhã atrai amplo público e pretende se tornar uma nova etapa no roteiro turístico das Olimpíadas deste ano
O Rio de Janeiro, cidade-sede das próximas Olimpíadas, ganhou mais um item no seu mapa turístico: o Museu do Amanhã, inaugurado no dia 17 de dezembro com a presença da presidente Dilma Rousseff, do prefeito do Rio, Eduardo Paes, e do governador Luiz Fernando Pezão. A abertura para o público aconteceu dois dias depois, com o Viradão do Amanhã, uma festa de 36 horas em que o novo museu foi o protagonista e atraiu mais de 20 mil visitantes, que enfrentaram uma hora e meia de fila.
— A gente vive um momento muito especial nesta cidade, com a aproximação dos Jogos Olímpicos, que abriu muitas oportunidades de transformação para o Rio. E esta aqui é a transformação que mais me toca, porque a cidade foi se abandonando e o Centro virou um símbolo desse abandono. De repente, nós criamos um muro entre as pessoas da cidade e sua razão de existir, que é a Baía de Guanabara. Com a derrubada da Perimetral, estamos devolvendo essa conexão do Rio de Janeiro com a Baía. E o Museu do Amanhã é um ícone novo, mas acima de tudo um lugar de reencontro com a mais linda de todas as cidades, que é o Rio de Janeiro — destacou à Comunità o prefeito carioca.
O prédio ousado e moderno foi desenhado pelo renomado e polêmico arquiteto espanhol Santiago Calatrava, um dos expoentes da arquitetura-espetáculo. As suas obras, além de bem-sucedidas, sempre estão envolvidas em muitas polêmicas, como a gigantesca e superfaturada Cidade das Artes e da Ciência de Valência, na Espanha; a polêmica Ponte da Constituição, criticada pelo elevado custo e pelos 106 degraus escorregadios sobre o canal de Veneza, na Itália; a Passarela Zubizuri, em Bilbao, também na Espanha, criticada por sua superfície de vidro escorregadia em dias chuvosos, típicos do clima da cidade; e a dispendiosa manutenção de alguns de seus projetos na Holanda.
O arquiteto esteve 12 vezes no Rio nos últimos anos e fez 500 esboços até chegar ao desenho final do Museu do Amanhã. De acordo com Calatrava, a inspiração veio das bromélias da Mata Atlântica. O imponente museu, com 338,3 metros de comprimento e 20,85 metros de altura, é cercado por espelhos d’água, fundamentais no aproveitamento de recursos hídricos. No subsolo, a água da Baía de Guanabara é captada para abastecer os espelhos e para o sistema de refrigeração, e depois é devolvida mais limpa ao mar. O prédio sustentável produz inclusive eletricidade através das placas fotovoltaicas situadas na cobertura, que se movem como asas conforme a posição do sol.
Projeto custou 215 milhões de reais
O Museu do Amanhã teve uma gestação longa, pois havia sido apresentado em 2010 e deveria estar pronto em 2012, porém ganhou vida só três anos depois devido a revisões e alterações. Nas obras, foram usadas mais de 55 mil toneladas de concreto e cerca de quatro mil toneladas de estruturas. Nos canteiros, trabalharam 1300 operários. Um deles, Stanley Meireles Lima, morreu eletrocutado no canteiro em janeiro de 2015.
O prédio, que parece flutuar sobre a água, é um museu de ciência de terceira geração, com uma abordagem de exploração e interrogação sem a necessidade de um acervo material. Com instalações audiovisuais de última geração e jogos, explora seis grandes tendências para o futuro: mudanças climáticas; alteração da biodiversidade; crescimento da população e da longevidade; maior integração e diferenciação de culturas; avanços da tecnologia; e expansão do conhecimento. No segundo andar, está a exposição principal dividida em cinco partes: Cosmos, Terra, Antropoceno, Amanhã e Agora, que somam 27 experiências e 35 subexperiências, disponíveis em português, espanhol e inglês. Além dos diversos espaços expositivos, o prédio abriga um auditório moderno para 400 espectadores.
O museu é uma iniciativa da prefeitura do Rio, concebido e realizado em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, instituição ligada ao Grupo Globo. O projeto custou 215 milhões de reais, mais 65 milhões investidos pelo Banco Santander no conteúdo e na manutenção pelos próximos dez anos. A obra faz parte da operação urbana Porto Maravilha, de revitalização e desenvolvimento da região, realizada através de parceria público-privada.