Comunità Italiana

Uma vitrine para o mundo

{mosimage}Rio-à-Porter e Fashion Rio marcam o mês de janeiro apresentando ao mercado da moda novas tendências para o inverno 2012

O corpo é revestido por tecidos e cores que carregam mensagens e ideias. A moda comunica estilos de vida e ajuda na formação da identidade e na integração com grupos sociais. A roupa, portanto, ganha um sentido de proteção não só física como emocional. A maneira como uma pessoa se veste reflete sua personalidade e sua relação com a sociedade e com as formas culturais que a cercam. Nesse sentido, alguns eventos são pensados e projetados para promover tendências e movimentar o poderoso mercado formado por estilistas, grifes e lojistas. Partindo dessa premissa, a capital fluminense sediou, entre 10 e 14 de janeiro, dois grandes eventos – o Fashion Rio e o Rio-à-Porter – que desfilaram e expuseram suas novas coleções do Inverno 2012 para compradores e para os “antenados” com a produção mundial das grandes marcas. 
Em sua 20ª edição, sob o tema Sou Rio, essa bossa é nossa, o Fashion Rio aconteceu no belo cenário do Píer Mauá, às margens da Baía de Guanabara. O tema do evento remeteu à música e à moda, duas vertentes culturais ligadas umbilicalmente. A gíria bossa, nascida nos anos 1950, faz referência ao jeito carioca de ser. Nesse ritmo, o Fashion Rio se descortinou para desfilar modelos com muitas cores e estampas, o que representa bem o clima da cidade e o humor do carioca que não dispensa a leveza nem o conforto nas roupas. Nas passarelas, 24 grifes marcaram presença. A novidade de 2012 ficou por conta da estreia da estilista Bianca Marques, que prestou homenagem ao balé e brindou o público com a presença da bailarina Ana Botafogo. A editora do site da Vogue Itália, Roberta Lippi, fez um balanço geral dos desfiles e elogiou as criações brasileiras.
— Muitos estilistas mostraram maturidade e criatividade no mesmo nível das principais semanas de moda do mundo — enfatizou. 
Além dos desfiles, o Fashion Rio contou com espaços que abrigaram exposições relacionadas à arte e ao design. O maquiador, fotógrafo e consultor de imagens Fernando Torquato estava à frente da mostra que, através de grandes painéis, homenageou artistas da música, do cinema e da televisão. Em outro armazém, a exposição intitulada Essa bossa é nossa contou com a curadoria do músico Charles Gavin. O tema abordado foi a influência do design na música através de capas de discos inspiradas no Rio de Janeiro. Enquanto isso, em outro galpão, acontecia a mostra do arquiteto e designer Sergio Rodrigues. De forma divertida, Sergio retratou, por meio de fotografias e objetos, móveis desenvolvidos por ele.
Com investimento de R$ 15 milhões, o Fashion Rio e o Rio-à-Porter geraram mais de oito mil empregos e reuniram um público de 90 mil pessoas. A feira de negócios Rio-à-Porter, que tomou conta das dependências do charmoso palacete Linneo de Paula Machado, hoje Casa Firjan da Indústria Criativa, contou com 108 expositores, além de atrair visitantes e compradores do mundo todo. Países como Rússia, França, Reino Unido, Bahrain, Japão e República Dominicana apostaram no produto made in Brazil. Os números obtidos com a feira foram muito positivos, principalmente para algumas marcas como a 2nd Floor, que conseguiu realizar a primeira parceria internacional com a França, e para a marca Ausländer, que dobrou suas vendas em comparação com a edição passada. O presidente da Associação Brasileira de Indústria Têxtil e de Confecção, Aguinaldo Diniz Filho, ressaltou que as marcas inovaram esse ano e que isso alavancou as vendas. 
— As empresas reunidas no salão mostraram um design que supera a questão do custo Brasil mais facilmente. É a prova de que inovar é o caminho. Acompanhado de medidas incentivadoras do governo, alavancará mais negócios ainda — concluiu. 
O sucesso do Rio-à-Porter foi antecipado pelos excelentes números de exportação apresentados pela Secretaria de Comércio Exterior, em parceria com o Sistema Firjan. Em dez anos, as exportações fluminenses cresceram 134%. Em 2001, o Rio teve um lucro de US$ 9,4 milhões. Em 2011, o ganho passou a ser na faixa dos US$ 22 milhões. Com isso, o estado do Rio conseguiu atingir o terceiro lugar entre os maiores exportadores, atrás apenas de São Paulo e Santa Catarina. 

Roma inspira coleção 
de Alessa Migani 
Um dos destaques do Rio-à-Porter foi a coleção baseada na Itália da estilista Alessa Migani. Alessa já havia criado uma coleção exclusiva para a loja italiana Coin. Este ano, ela presta homenagem ao pai nascido no Vaticano e reverencia o tataravô, que foi alfaiate do Papa, com a coleção Roma Amor. 
— Eu não sabia que meu tataravô tinha sido alfaiate do Papa, foi uma coincidência. Meu pai trouxe um diploma da Itália, no ano passado e pediu-me ajuda para restaurá-lo. Quando montei as partes do papel, estava escrito Alfaiate do Papa. Carrego no sangue a vocação. Ter feito a coleção Roma Amor foi uma forma de homenagear meus antepassados — enfatizou.
Alessa “passeia pela Itália” e apresenta um apaixonante roteiro de estampas com imagens de símbolos históricos e da arquitetura italiana. As estampas digitais ganham o contorno da torre de Pisa, do Pinocchio, do mapa da Itália, da Toscana e da Vespa, entre outros. Nesta estação, a estilista apostou em silhuetas alongadas e looks vaporosos e esvoaçantes. Na cartela de cores, prevalecem o preto, azul, bege e alaranjado, além dos tons metálicos, hit da temporada de inverno. No Rio-à-Porter, a estilista aumentou o número de compradores estrangeiros, angariando Nova York, como novo mercado importador de suas peças. Alessa atualmente está presente em 150 multimarcas no Brasil e em 30 países que recebem suas criações, entre eles, a Itália. Ela já vendeu para Roma, Nápoles, Capri e Milão. Agora, pensa em ter sua própria loja no país. 
— Eu tenho intenção de fazer uma Casa da Alessa em Roma. Estamos negociando com investidores, mas ainda não há data prevista para isso acontecer, pois temos agora um novo perfil da marca voltado para um mercado de luxo — finalizou a estilista. 

Ecojoiais, reciclagem 
de papel e alumínio
O Rio-à-Porter abriu espaço para marcas como JS Design Sustentável e Mônica Krexa, que produzem peças diferenciadas e customizadas que primam pela conservação do meio ambiente e reutilização de materiais. 
A JS Design Sustentável, com sede em Cabo Frio, é liderada pela designer argentina Julieta Sandoval, que apostou em técnicas de reciclagem de papel para lançar três novas linhas de ecojoias: locomia, geometrik e básicos. Julieta, que estudou moda na academia de Florença e teve seu primeiro trabalho no setor têxtil na Linha Piu, na Itália, diz que seu trabalho com a sustentabilidade tem a ver com seu estilo de vida.
— Ter um comportamento ecologicamente correto é uma postura que eu adotei para minha vida pessoal e profissional. A ideia das ecojoias é diminuir a exploração de recursos naturais e reaproveitar coisas que são consideradas descartáveis. As cooperativas me fornecem revistas, panfletos e jornais, e eu transformo esses materiais em “joias” feitas de papel. O europeu, incluindo os italianos, tem um conceito mais avançado sobre joias, saindo um pouco do ouro e da prata, para experimentar outros materiais — ressaltou Julieta.  
Já a advogada argentina Mônica Krexa, com o intuito de popularizar seus produtos, apresentou, no Rio-à-Porter, charmosas bolsas, trabalhadas em lona, couro e camurça, além de brincos, anéis, braceletes e adereços de cabeça utilizando o alumínio que barateia o produto final. 
— Já usei prata e outros materiais, mas o alumínio me dá vantagens que os outros não têm: não se altera, está sempre brilhante e não escurece como a prata. O custo também é muito importante. Em uma mesma peça em alumínio, o custo é de R$ 20,00; em prata, sobe para R$100,00. Eu trato o alumínio como material nobre. Meu objetivo é que a minha joia chegue a todos os públicos — salientou.