Comunità Italiana

Vamos ser felizes em 2017!

Precisamos mudar a nós mesmos para mudarmos o mundo

Este ano será repleto de luz, saúde, prosperidade, sucesso, aumento de salário ou emprego melhor, encontrarei o amor da minha vida, livrar-me-ei dos chatos (incluindo as mesóclises), ganharei novos amigos, perderei 20 quilos, acertarei sozinho na Mega Sena, comprarei uma ilha em Angra e uma fazenda na serra. Se Deus quiser! Na necessidade, é sempre o mais lembrado dos deuses. Isso tudo é promessa de campanha, que, infelizmente, como temos testemunhado marmotamente, acaba na eleição.
É bom lembrar que Deus não precisa de nada e não é babá do nosso destino. Já li até em quadro de aviso de elevador que “não podemos mudar o nosso passado, mas sim preparar o presente para um futuro melhor”. Isso é fato.
Uma simples mudança de calendário não se moverá sozinha para realizar os nossos desejos ou mesmo sonhos. Não passa pela minha cabeça que usar cueca amarela (se não fosse por todo o resto, já seria “pós-ridículo”), pular sete ondas, comer romã e uva para guardar sete caroços, e outras tarefas de gincana igualmente inócuas para garantir um feliz ano novo, sejam cacife para ganhar uma aposta.
Aposto, aí sim, que mudanças dependem de um processo interno permanente de autoavaliação e questionamento. Aguçar a nossa intuição e agir com coragem. Só nós podemos mudar o nosso futuro. Para o bem ou para o mal. Cabe-nos fazer balanços constantes de como estamos, aonde queremos chegar, e desenharmos um caminho até lá. Como anda a nossa saúde? O que há para melhorarmos em nós mesmos e no mundo? Estou feliz pessoal e profissionalmente? Tenho zelado por isso ou me preparado para mudanças?
Afinal, como ouvi do iluminado mestre profissional e da vida Octávio Florisbal, ex-diretor geral da TV Globo, “nós ganhamos uma vida de presente e não temos o direito de desperdiçá-la”. Essa frase mudou a minha vida num momento importante de virada. E passei também a dedicar mais atenção a colegas e amigos que pudessem estar atravessando alguma dificuldade. Para receber luz, preciso também refleti-la. Assim como não terei boa saúde se eu não cuidar dela.
Meu sucesso e minha prosperidade dependerão de como eu motivo e lidero as equipes para obter melhores resultados. Pensar e estimular a geração de ideias fora da caixa. Manter a minha higiene profissional, com aprendizado constante, processos de auto e heteroavaliação, coaching, adoção de padrinho profissional, aproveitar cada encontro interno e externo para a troca de informações e experiências. Manter o meu networking ativo.
Se eu começar a achar que o problema é da empresa, chegarei à conclusão, depois de perder muito tempo, que o simples achômetro não resolverá a minha vida. Se o problema é da empresa, mas eu dependo dela para atingir o meu objetivo, o problema continuará sendo meu. Se eu não visualizo uma forma de vencer aquele obstáculo, continuarei apenas engordando lamentos, e não soluções. E se concluo que ali não terei mais espaço, caberá apenas a mim buscar novos caminhos.
Não estou feliz ou estou fazendo alguém infeliz? Disseco cada ponto que esteja minando a minha emoção. Nas relações parental, conjugal ou com amigos ou colegas, não podemos viver e conviver infelizes, muito menos provocando esse sentimento naqueles que nos cercam. Afeto se constrói, ou não vale a pena.
Quanto à Mega Sena, à casa em Angra e à fazenda na serra (há quem possa dizer que isso é cabeça de pobre, ou pensaria numa bela vinícola na Toscana), não são presentes que podemos cobrar de Deus, mas de nós mesmos e da nossa capacidade de chegar lá. Dos nossos problemas e sonhos, cuidamos nós.
Os pedidos ao céu para perder peso foram tantos, que alguém jurou ter escutado Deus bradando: “Venham a mim todas as dietas!”. Outros vêm prometendo perder tantos quilos há tantos anos seguidos que, para esse ano, prometeram lutar contra a ditadura da magreza.Vamos rezar (cada um com a sua religião ou crença), sim, mas para acalmar os fenômenos da natureza —muitos deles provocados pelo homem — que têm se manifestado, implacáveis, através de terremotos, vulcões, tsunamis, nevascas, enchentes e furacões, levando à tanta desgraça e a perdas humanas.
Mas das guerras, terrorismo, xenofobias e intolerâncias diversas, analfabetismo, fome e miséria, violência e outros defeitos humanos, cabe ao homem, seu causador, cuidar.
Porém, não pretendo aqui quebrar o encanto de ninguém. Quem ainda acredita em Papai Noel que continue pulando as sete ondas e esperando, sentado na areia. Que Deus leve embora todos os seus quilos e traga todos os seus desejos em 2017.