O ano de 2014 trouxe bons resultados para a indústria de energia eólica brasileira, que finalizou o ano com 2,5 GW de novas instalações, mais que o dobro da capacidade registrada em 2013 quando foram instalados 958 MW. Em um contexto mundial, os números mostram a boa colocação do país em 2014, tendo em vista que a potência de 2,5 GW adicionada ao sistema foi o recorde nacional. Esse número também fez do Brasil o décimo país do mundo em capacidade instalada e o quarto que mais acrescentou potência. Espera-se, até 2019, atingir a marca de 15,2 GW. Para 2015, está prevista a instalação de 166 novos empreendimentos eólicos por todo o território, o que corresponde a uma potência de cerca de 4 GW. Tais números representam um aumento de 50% de capacidade instalada, passando dos atuais 6,6 GW para 9,8 GW.
Segundo a ABEEólica (Associação Brasileira de Energia Eólica), que congrega 91 empresas, hoje, o país conta com sua maior capacidade instalada na Bahia, onde há 210 parques eólicos, seguida pelo Rio Grande do Norte, que reúne 177 parques. Na região Sul, o estado que lidera a capacidade instalada é Rio Grande do Sul, com 92 parques.
A porta-voz da ABEEólica, Elbia Gannoum, cita, entre os fatores que impulsionam a industria eólica nacional, a crise hídrica e a redução do nível da água dos reservatórios. Por isso, o papel de outras fontes de geração de energia “ganha cada vez mais importância para a garantia do suprimento de energia e o aproveitamento ótimo do potencial disponível, inclusive por meio do uso da complementaridade”.
— O regime de ventos demonstra que a fonte eólica é essencial para o Sistema Interligado Nacional (SIN), não somente pela geração efetiva, mas principalmente pela sua maior geração, justamente no período de seca, o que permite uma maior otimização do parque hidrelétrico, pois garante a energia no sistema no período seco, e/ou preserva o nível dos reservatórios — avalia.
Apesar dos avanços, o país ainda enfrenta algumas dificuldades, como a falta de planejamento e o atraso na entrega das linhas de transmissão. A causa é o descompasso entre os cronogramas das linhas e das usinas, o que leva a uma falta de sincronia entre a geração e da transmissão da energia produzida. Esse gargalo tem sido minimizado, principalmente, com os novos leilões de transmissão e a antecipação das licitações.
A região da Campânia, onde fica o município com a maior capacidade instalada, se destaca no setor
Na Itália, a história da energia eólica começou em 1995, quando os primeiros parques eólicos foram instalados na Puglia e na Campânia. A indústria teve um sólido crescimento até 2013, com uma média de 1 GW por ano. Apesar das condições para produção de energia eólica não serem favoráveis como acontece no Brasil, devido à forma alongada e estreita e pela presença das montanhas, como os Alpes, o país sempre ocupou posições de destaque nos rankings mundiais de produção e instalação de novas plantas.
Porém, a construção de novas usinas sofreu uma redução em 2013 e em 2014, ano em que o país foi ultrapassado por França e Grã-Bretanha em números absolutos referentes a novas instalações. Alguns desafios são a ineficácia dos incentivos e o fato do país ainda não possuir nenhuma instalação offshore. No entanto, os mapas mostram a expansão fora do âmbito territorial tradicional, que sempre foi do apenino meridional até Puglia, Campânia, Basilicata, Sicília e Sardenha, sobretudo, no caso das pequenas plantas com potência de até 200 KW. Um levantamento da Legambiente cruzou os dados da Gestore Servizi Elettrici (GSE), Associazione Nazionale Energia del Vento (ANEV) e informações de empresas. O município com maior capacidade instalada de geração de miniusinas é Bisaccia, na província de Avellino, na Campânia, com 26 torres e 2,9 MW de potência.
A Legambiente conclui que o desafio para o desenvolvimento do setor na Itália está no estabelecimento de regras para incentivar a construção de novas plantas, acompanhar a manutenção e a ampliação das existentes, com equipamentos de maiores dimensões e potência, e melhorar a integração paisagística. O crescimento do setor não apenas contribuiria para amenizar o efeito das mudanças climáticas, como também atenderia às necessidades das famílias.