Missão empresarial Brasil-Itália foi a maior promovida pela Itália em 2016 e representou possibilidade para futuras parcerias
Infraestrutura e ambiente foram os assuntos mais abordados durante a missão empresarial entre os dois países, que aconteceu nos dias 24 e 25 de novembro, em São Paulo. Participaram aproximadamente 100 empresários italianos dos setores do agronegócio, energia, financeiro, automobilístico, tecnologia de informação e comunicação, e aeroespacial. Durante palestras, representantes italianos reforçaram a confiança no potencial brasileiro e o interesse em participar de projetos nesses setores para fomentar o crescimento econômico nos dois países.
O encontro foi uma realização da ITA, a Italian Trade Agency, composto por representantes de empresas italianas e liderado pelo vice-ministro do Desenvolvimento Econômico da Itália, Ivan Scalfarotto. O evento também contou com a presença da vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria Italiana (Confindustria), Licia Mattioli, e do diretor do Comitê de Internacionalização da Associação Italiana de Bancos (ABI), Guido Rosa.
A missão foi possível após negociações feitas, em agosto, durante a visita do primeiro-ministro italiano Matteo Renzi ao Brasil, e ficou dividida em duas partes. A primeira aconteceu na cidade de São José dos Campos (SP) e foi dedicada ao setor aeroespacial. A segunda etapa ocorreu na capital, composta por um fórum econômico, que reuniu aproximadamente 500 empresários, seguido de mesas redondas dedicadas aos setores abordados. A missão contou com o apoio de entidades como Fiesp-Ciesp, Banco do Brasil, Febraban e Agências Espaciais do Brasil e da Itália.
A diretora da ITA no Brasil, Erica di Giovancarlo, declarou à Comunità que “a situação está mudando e o país tem grande potencialidades, enquanto as empresas italianas têm muito a oferecer, principalmente, nos setores aeroespacial, ambiental, transporte, tecnologia, agrobusiness e automotivo”.
— Além disso, temos uma comunidade italiana importante que facilita a relação entre os dois países — completou.
Antonio Bernardini, embaixador da Itália no Brasil, reforçou a importância da missão:
— Nossas economias são complementares e podemos, sim, crescer juntos, principalmente apoiando os setores de infraestrutura.
Thomas Zanotto, diretor do departamento de relações internacionais e comércio da Fiesp, afirmou que um Brasil novo está nascendo após a crise.
— Esperamos uma recuperação para o segundo trimestre. Leis e acordos importantes estão sendo aprovados para aumentar a solvência do país, inclusive para a participação de empresas estrangeiras em grandes projetos brasileiros. Atualmente, são necessários 800 bilhões de dólares em infraestrutura para ontem e é fundamental que um país como a Itália aproveite esse momento — avaliou.
Apesar das oportunidades, Zanotto lembrou que ainda há desafios que precisam ser melhorados.
— É preciso que as empresas atentem para alguns pontos, como legislação trabalhista, tributária, e juros — concluiu.
Segundo a ITA, a Itália pretende continuar a investir na internacionalização de empresas, destinando 400 milhões de euros ao projeto Made In Italy.
— O governo atribui uma importância fundamental a esta missão para dar um impulso ao relacionamento, ao comércio internacional e à troca de experiências. Estamos vemos com muita atenção os esforços do Brasil para a retomada e estamos com uma proposta integrada para empresas, sempre com a participação estratégica de universidades — declarou Scalfarotto.
Empresários da infraestrutura e da energia demonstram otimismo
Empresários do setor de infraestrutura participaram da missão com o objetivo de ampliar as negociações.
O diretor da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), Thiago de Barros Correia, demonstrou otimismo.
— O Brasil ingressa numa revolução tecnológica no setor energético. Já falamos em autoconsumidor que produz a própria energia elétrica. Será um maravilhoso mundo novo para os próximos 15 anos e grandes oportunidades são esperadas — previu.
A Enel Brasil, subsidiária do grupo italiano Enel, opera no país desde 2005 na distribuição de energia, transmissão e serviços, sendo um exemplo de companhia que pretende manter os investimentos.
— A empresa vai investir 4,7 bilhões de euros em tecnologia em três anos. Esperamos trazer também para o Brasil projetos que beneficiem a população porque nunca perdemos a confiança no país e deixamos de investir — declarou Carlos Zorzoli, diretor da Enel no Brasil.
Durante o Fórum Econômico ainda foram citadas as possibilidades oferecidas pelo Programa Crescer do governo brasileiro para concessões e privatizações, por meio do qual, a partir de 2017, projetos de infraestrutura devem receber, pelo menos, 20% de recursos de investidores. O restante poderá ser financiado via empréstimos e emissão de debêntures (títulos de crédito).
O Banco do Brasil, por sua vez, foi representado no evento pelo vice-presidente Geraldo Dezena.
— O Banco do Brasil vem contribuindo para ampliar a relação com a Itália e pode apoiar empresas, tanto com recursos quanto na captação externa, aqui no Brasil ou em nossa agência em Milão. Estamos também alinhados com a adoção de formas de financiamento, como nos leilões de concessões, por meio de debêntures, para atrair mais o investidor do mercado de capitais — explicou.
Os quatro bancos italianos que operam no Brasil (Intesa Sanpaolo, BNP Paribas, Unicredit e UBI) foram representados pelo vice-presidente da ABI.
— As instituições estão alinhadas para servir a clientela italiana e brasileira, na velocidade de que precisam e com a tradição que têm. Pretendemos consolidar as parcerias para apoiar o crescimento nos dois países — afirmou Guido Rosa.
Relações comerciais Brasil-Itália
O Brasil é o principal parceiro da Itália na América Latina
A Itália é o segundo principal parceiro comercial na Europa para os brasileiros
7,8 bilhões de dólares é o total da corrente comercial registrada entre Brasil e Itália em 2015 (10% a menos do que em 2014)
5,9 bilhões de dólares é a média anual das exportações italianas para o Brasil, entre 2010 e 2015
A Itália possui o oitavo maior estoque de capitais investidos no Brasil (17,1 bilhões de dólares)