Comunità Italiana

Viagem à antiguidade

No coração de Roma, entre a Praça Navona e o Campo de Fiore, o pouco conhecido Museu Barracco guarda tesouros das antigas civilizações do Mediterrâneo

As obras de arte reunidas no Museu Barracco de Roma faziam parte da coleção do nobre calabrês Giovanni Barracco, e foram doadas por ele à prefeitura de Roma, em 1904. Giovanni nasceu em 28 de abril de 1829, na Ilha de Capo Rizzuto, na Calábria, que na época fazia parte do Reino das Duas Sicílias. Sua família era considerada a mais rica da região, cuja propriedade tinha 30 mil hectares de extensão. Seu pai, Luigi Barracco, desfrutava de grande prestígio na corte Bourbon.
Após a morte do pai em 1849, Giovanni foi morar em Nápoles com o irmão Alfonso. Apesar de fazer parte da aristocracia, a família aderiu aos grupos libertários que sacudiam a cena política. Naquele período de repressão imposta pelo rei Francisco II Bourbon, os irmãos recusaram os títulos de nobreza e preferiram financiar o movimento liderado por Giuseppe Garibaldi, que mais tarde levou à Unificação da Itália, em 1861. Giovanni, homem que valorizava a cultura, começou a participar de um círculo de intelectuais que se reuniam na casa de Leopoldo de Bourbon, irmão rebelde do rei, que defendia ideais liberais. Naquele ambiente frequentado por artistas, ele conheceu Giuseppe Fiorelli, o arqueólogo que se tornou diretor das escavações de Pompeia e do Museu Arqueológico de Nápoles. A amizade durou toda a vida e estimulou sua paixão pela arte antiga. Sem herdeiros diretos, doou sua coleção em 1904 para que fosse exposta ao público em Roma, e morreu em janeiro de 1914.
Quem visita o palacete La Farnesina ai Baullari, do século XVI, pode admirar raras obras do Antigo Egito — algumas com 4.500 anos de idade — e da Mesopotâmia, além de esculturas etruscas e gregas originais. Giovanni Barracco adquiriu as obras em vários mercados de antiguidades e nas escavações realizadas em Roma, que, na época, passava por reformas urbanísticas. Graças aos contatos com diplomatas de diversos países, ele conseguia informações sobre leilões de arte e fazia ótimos negócios.
As 400 obras estão expostas em várias salas, divididas por temas, como Antigo Egito e da Mesopotâmia. A peça de um monumento funerário descreve a cena de oferendas ao rei defunto com uma longa inscrição em hieróglifos e uma lista de todas as doações ao soberano para a sua viagem após a morte: água, incenso, cosméticos, pão, leite, cereais, legumes, frutas, doces, tecidos de diferentes tipos e tamanhos e, em seguida, “mil bezerros, mil jovens antílopes, mil guindastes e mil gansos”.
Da Mesopotâmia, estão expostos objetos da terceira dinastia de Ur e relevos do palácio de Assurbanípal de Nínive. Entre as peças etruscas, destaca-se a cabeça feminina encontrada em uma tumba etrusca em Bolsena, do século II a.C. A arte fenícia está representada por figuras de leões em alabastro, encontradas na Sardenha, e um sarcófago antropomórfico originário de Sídon. Na sala IV, estão as peças do Chipre, ilha mediterrânea que foi um importante ponto de passagem para as civilizações, inclusive a estátua de Hércules-Melqart, do século V a.C., e um modelo em cerâmica policromada de uma carruagem com as figuras de uma mulher e uma criança, do mesmo período.
Um grande acervo da Grécia Antiga inclui estátuas originais do século V a.C., além de várias cópias feitas na Roma Antiga inspiradas em modelos gregos esculpidos séculos antes. A sala IX é reservada à arte romana e à arte medieval, com destaque para um mosaico encomendado pelo Papa Inocêncio III (1198-1216) e removido em 1582, na época da renovação da Basílica São Pedro.    

SERVIÇO
Museo di Scultura Antica Giovanni Barracco
Corso Vittorio Emanuele 166/A, Roma
Ingresso gratuito
www.museobarracco.it