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Vida nova

14 de abril de 2015 - Por Comunità Italiana
Vida nova

Vida novaO ex-executivo Mauro Dagna conta como conseguiu mudar de vida com uma viagem ao redor do mundo que apoia o projeto Albergo Etico, um hotel onde trabalham pessoas com síndrome de Down

Mauro Dagna acumulou mais de 20 anos de experiência no setor de peças automotivas. Seu último emprego consistia em cuidar da parte comercial de uma multinacional francesa, um trabalho gratificante que lhe permitia viajar e entrar em contato com diferentes culturas. Há um ano pediu demissão e deu início a uma viagem pelo mundo, acompanhado apenas da sua moto.
— Em uma segunda-feira qualquer de 2012, liguei o computador, como fazia todas as manhãs, olhei os e-mails, desliguei e disse “basta”. Aquilo foi o começo de tudo, um início que praticamente correspondia a um fim. Na época tinha 45 anos, um ótimo trabalho, mas não estava feliz. Não queria isso para minha vida, queria algo mais, pois a vida é uma coisa fantástica que tem que ser vivida. Foi assim que eu disse basta — relata à Comunità Mauro, protagonista do projeto Vagabundo pelo mundo. Naquela mesma semana, ele se encontrou com um jovem de Mondoví, na província de Cuneo, que tinha acabado de regressar à sua cidade após ter dado a volta ao mundo. O entusiasmo cresceu e ele percebeu que era possível realizar o sonho.
— Não queria que fossem férias ou um ano sabático. Queria que fosse uma vida nova, um novo caminho e, além disso, queria fazer alguma coisa que ajudasse os outros — explica o italiano originário de Asti, no norte da Itália.
O motociclista frequentava habitualmente um restaurante da sua cidade chamado Attaccabanda, que tem como garçons jovens com síndrome de Down. Foi ali que entrou em contato com o projeto inovador de Albergo Etico.
— A história nasce em 2006, quando a scuola alberghiera pergunta ao dono do restaurante, Antonio De Benedetto, se podia aceitar um menino com síndrome de Down para fazer estágio. Esse menino era tão fechado em si mesmo que não falava quase nada e teve melhoras impressionantes só em ter contato com o público. Terminado o estágio, De Benedetto o contratou — explica Mauro.
O diretor do Attaccabanda é também presidente de Albergo Etico, um hotel que oferecerá trabalho para pessoas com síndrome de Down em Asti. O projeto dá a possibilidade aos jovens trabalhadores de aprender serviços de hotelaria através de treinamentos específicos, e conquistar a própria autonomia e independência. Os trabalhadores moram no hotel durante toda a duração do estágio, onde são assistidos por tutores que são ex-alunos.
— O hotel é o lugar mais parecido com uma casa e os jovens podem experimentar, dentro do albergo ético, uma vida mais parecida com o que poderiam levar em casa — acrescenta Mauro, que se sensibilizou com a causa e decidiu apoiá-la. Além de arrecadar fundos para o hotel que será inaugurado nos próximos meses, o projeto Vagabondo per il mondo quer difundir a ideia de albergo etico e entrar em contato com outras iniciativas desse gênero para intercambiar experiências.

Viajante contou com o patrocínio da Lavazza e conheceu diversos projetos para pessoas com síndrome de Down quando esteve no Brasil
O Dia Internacional da Síndrome de Down é comemorado em 21 de março. Não por acaso, Mauro escolheu a data para começar a viagem que mudou a sua vida. Ele, aliás, não acredita no “acaso”.
— Nada acontece por acaso na vida; tudo tem um sentido. Se eu olho para atrás, tudo aquilo que eu fiz antes, a experiência de trabalhar no exterior, o fato de falar cinco idiomas e as minhas viagens de mochileiro pelo mundo me deram a possibilidade de conseguir uma segurança pessoal para me mover no mundo. A previsão é visitar 70 países em cerca de três anos e terminar na Itália, onde tudo começou. Mas o planejamento está sempre mudando — diz Mauro.
Já se passou um ano desde a partida de Asti, comemorada com uma belíssima festa junto aos apoiadores do albergo ético. Após dois meses percorrendo a Itália, período em que encontrou diversas associações e políticos, ele teve que desistir de passar pela Líbia e enviou a moto para a Etiópia, país onde começou a viagem pela África, que durou cinco meses.
Na África do Sul, conheceu Vanessa dos Santos, presidente do Down Syndrome International (DSI), organismo mundial que reúne várias associações.
— Naquele encontro, entendi que minha missão não é apenas arrecadar fundos, mas também divulgar o projeto de albergo etico e fazer um trend union entre as várias iniciativas no mundo para criar uma rede de informações — afirma o piemontês.
Depois da África, chegou ao Brasil, onde conheceu diversos projetos dedicados às pessoas com síndrome de Down. Ele cita dois em particular: o de Chefs especiais, criado pelo casal paulistano Simone Berti e Márcio Berti, que visa facilitar a autonomia de pessoas com síndrome de Down através de cursos de gastronomia, e o Beleza em todas as suas formas, promovido pela empresa Alfaparf. Mauro participou de várias conferências e seminários e também deu várias palestras pelo país. Em Brasília, encontrou o embaixador italiano Raffaele Trombetta e descobriu que ambos têm uma paixão em comum: a moto. O embaixador se ofereceu como guia turístico de Brasília sobre duas rodas. Em Belo Horizonte, a cônsul Aurora Rossi e o marido lhe ofereceram hospitalidade na própria casa. Em Minas, visitou plantações de café, pois o patrocinador do seu projeto é a marca italiana de café Lavazza, que está cobrindo os custos fixos da sua viagem.
O piemontês segue uma regra: primeiro dorme a moto; depois ele.
— Nem sempre posso usar o hostel que usava quando viajava de mochileiro. Preciso de uma garagem, um lugar seguro onde eu possa deixar a moto. Na África, os salesianos me ofereceram hospedagem; também conheci pessoas que me ofereceram um quarto na própria casa ou em pequenas estruturas com custos limitados. Em mais de 200 dias, só paguei 35 noites em um hotel — afirma o motociclista, que sempre tenta reduzir os custos. Os problemas ao longo do percurso não foram muitos e as coisas positivas superaram muito mais as dificuldades encontradas pelo aventureiro. Só teve alguns problemas mecânicos devido à gasolina em Brasília e no Malawi, na África.

Chuí, Patagônia, Argentina, Alaska, Austrália e Sudeste asiático são as próximas etapas da viagem que acaba em 2017
A próxima etapa será passar pelo Chuí, na fronteira entre Brasil e Uruguai, antes que comece a nevar, pois é uma meta muito importante para Mauro.
— Tudo começou no Chuí, quando avistei, fora do hostel onde eu estava, um motociclista francês. Conversei com ele e perguntei se estava dando a volta pela América do Sul. Ele me disse que estava viajando pelo mundo de moto e eu comentei que um dia faria aquilo — conta Mauro.
Ele quer prosseguir pela Argentina, até a Patagônia, no Chile. Em seguida, volta a Buenos Aires, onde participa, em 21 de maio, de um congresso argentino sobre a síndrome de Down. Depois, prossegue a viagem pela América Latina até chegar aos Estados Unidos. Suas metas seguintes são Alaska, Japão, Austrália, Sudeste da Ásia e Itália, concluindo a volta ao mundo em 2017.
— A viagem tem me dado tudo, uma plenitude global, respostas às perguntas que eu fazia há anos. A vida é maravilhosa, se você sabe vivê-la. Isso significa que, se você viver intensamente, com o coração, e não só com a carteira ou com a exterioridade, pode entrar em contato com as pessoas. Porém, antes de tudo, você tem que ser capaz de se livrar de toda a série de esqueletos que cada um de nós carrega e esvaziar a famosa mochila que carregamos nos ombros — aconselha o viajante, que usa a imagem da mochila para representar os problemas e as preocupações de cada ser humano.

Mais informações sobre Albergo Etico:
www.albergoetico.it
Para seguir a viagem de Mauro Dagna:
www.vagabondoperilmondo.com

Comunità Italiana

A revista ComunitàItaliana é a mídia nascida em março de 1994 como ligação entre Itália e Brasil.