Villa augustea é descoberta

Provável local da morte do grande imperador de Roma é um sítio arqueológico que pode ser visitado pelos turistas, a 20 km de Nápoles
Nos românticos cartões-postais do golfo de Nápoles, ele domina a paisagem. Estamos falando do Vesúvio, o vulcão mais fascinante do mundo. As suas trágicas erupções — entre as quais, a mais famosa de 79 d.C. — destruíram as cidades ao redor, mas, paradoxalmente, ajudaram a preservá-las no tempo. Até hoje, as escavações revelam mistérios do passado, como a Vila de Augusto, onde provavelmente morreu o primeiro imperador da Roma Antiga.
Em 1930, durante trabalhos agrícolas nos arredores da cidade Somma Vesuviana, foi casualmente descoberta a parte de um muro que despertou o interesse dos arqueólogos. Os estudos indicavam que aquele paredão de pedras fazia parte de uma grande construção, que, suspeitava-se, era da Roma Antiga. Em 2002, com o apoio financeiro e científico da Universidade de Tóquio, as escavações se aprofundaram e hoje chegam a dois mil metros de superfície e 15 metros de profundidade.
A descoberta foi de tirar o fôlego: tratava-se da nobre Vila imperial do século I d.C., onde, segundo os historiadores, poderia ter morrido o grande imperador Augusto. As ruínas mantêm afrescos de personagens da mitologia grega, como Nereida e Tritão, enormes colunas em mármore grego e pisos em mosaicos com figuras de golfinhos, além das fabulosas estátuas de mármore de Dionísio e de uma mulher com a antiga túnica grega (peplos) e de Dionísio segurando um filhote de pantera.
Em agosto do ano 14 d.C, um mês antes de completar 76 anos, Otaviano Augusto estava viajando pelo sudeste de Nápoles, quando se sentiu mal. Ele foi levado a uma Vila da sua família, perto da cidade de Nola. Os médicos não conseguiram salvar a vida do imperador, que era um homem muito idoso para a época. Antes de morrer, com ironia, ele pediu um espelho e que penteassem seu cabelo. Suas famosas últimas palavras foram ditas como se ele estivesse no teatro: “Eu desempenhei bem meu papel nesta comédia? Então aplaudam quando eu morrer”.
De fato, Augusto foi um dos principais atores do império romano. Segundo historiadores, ele morreu no mesmo quarto onde faleceu seu pai, Caio Otávio. Dizem também que teve um delírio mental antes da morte e lamentou que se sentia carregado por 40 jovens. A alucinação teria sido como uma premonição, pois seu corpo foi levado por 40 soldados pretorianos até Roma.
Uma forte erupção do Vesúvio em 472 d.C. enterrou a Vila
Nos anos sucessivos à morte de Augusto, a Vila foi meta de peregrinação como se fosse um templo. Mais tarde, a região foi abalada pela catastrófica erupção em 79 d.C., que destruiu as cidades de Pompeia, Herculano e Stabia.
Segundo o arqueólogo Antonio De Simone, a explosão não afetou a Vila Augusta.
— O lugar transformou-se uma fazenda com criação de animais e vinícola que produzia até 100 mil litros de vinho por ano. Em compensação, quase quatro séculos depois, no ano 472 d.C., outra forte erupção do Vesúvio enterrou completamente o local — explicou.
As cinzas do vulcão chegaram a atingir Constantinopla (a atual Istambul), a mais de 1.200 km de distância. Conta-se que os turcos festejaram a nuvem escura que cobriu o sol como se fosse uma bênção divina. Naquela época, o império romano estava chegando ao fim. Roma já tinha sido saqueada pelos bárbaros e o cristianismo se expandia cada vez mais.
Campanha promove as riquezas geológicas da Itália
A Federação Italiana de Ciências da Terra promove a campanha “semana da terra” (www.settimanaterra.org), com o objetivo de sensibilizar pessoas de todas as idades sobre a riqueza da geologia da Itália.
— O nosso objetivo é contar com a participação do grande público. A informação é aliada da conscientização e isso ajuda a valorizar e preservar nosso território — explicou Silvio Seno, professor da Universidade de Pavia.
Este ano, de 18 a 25 de outubro, foram organizados 237 eventos em 180 lugares (entre eles a Vila Augusta), com a participação de 600 pesquisadores e 320 parceiros.
O professor Rodolfo Coccioni, da Universidade de Urbino, membro da Federação, contou sobre a iniciativa:
— É uma grande aventura. Fomos às geleiras do Monte Rosa, aos museus de paleontologia e agora ao sítio arqueológico de Somma Vesuviana. Contamos histórias da Itália, da Terra e da beleza do planeta — resumiu.
Para visitar a Vila de Augusto, deve-se entrar em contato com a Pro Loco di Somma Vesuviana (Via Gramsci, 9 – Tel. 81 8992631 e 8988414).
www.prolocosommaves.it